O tripé de gestão executiva de excelência como base do coaching atual
“Vivemos, lideramos e trabalhamos em uma era de forças em colisão.”
– Ikujiro Nonaka, professor emérito de gestão de negócios da Universidade Hitotsubashi
Em um mundo cada vez mais instável e sujeito à pressão das mudanças – seja no que se refere à tecnologia da informação e da comunicação, à globalização econômica ou às transformações sociais, políticas e ideológicas -, as empresas e seus respectivos líderes precisam se reposicionar com urgência.
Nesse contexto, as chamadas soft skills (inteligência emocional, resiliência, criatividade, inovação etc.) vêm substituindo rapidamente a propriedade da terra e os recursos financeiros como principal fonte de vantagem competitiva. Trata-se de um cenário no qual atuam forças conflitantes – continuidade x descontinuidade, agilidade x sustentabilidade, previsibilidade x improviso, controle externo x autocontrole. Torna-se evidente que só sobreviverão e prosperarão aqueles profissionais capazes de compreender e se adaptar a elas.
No século XXI, a organização do trabalho sofreu alterações profundas, impondo novas formas de relacionamento com os funcionários, clientes, fornecedores e concorrentes.
Hoje, a capacidade de estabelecer alianças, construir equipes eficientes e atuar de modo sintônico e cooperativo é, mais do que nunca, decisiva para o sucesso ou fracasso corporativo.
No entanto, segundo Wanda Orlikowski, professora de sistemas de informação e estudos organizacionais do MIT, “parece que as pessoas repetem mais as mesmas coisas. A tecnologia muda, mas a forma como trabalhamos não. É raro encontrarmos pessoas fazendo as coisas de forma diferente, improvisando, inovando e alterando as estruturas de trabalho nas quais operam” (ORLIKOWSKI & SCOTT, 2008).
A fórmula da gestão executiva de excelência: Organização & disciplina + Autoconhecimento + Amor
A necessidade de mudanças sólidas na atitude e no estilo administrativo é evidente, porém a cultura estabelecida na maioria das empresas costuma bloquear alterações tão básicas como o estabelecimento de uma relação mais próxima e colaborativa junto aos diversos stakeholders.
Nesse sentido, um dos maiores obstáculos a transpor é o medo de romper com o passado e ser encarado como diferente dos demais. As organizações geralmente operam dentro de grupos com diretrizes bem definidas, por isso a tendência é seguir o instinto gregário, agindo como os pares para evitar as críticas que as divergências poderiam provocar.
Abandonar essa zona de conforto coletiva em busca de um modelo inovador de trabalho exige não apenas coragem, mas principalmente organização e disciplina.
- Organização & disciplina
“O auto-respeito é a raiz da disciplina; a noção de dignidade cresce com a habilidade de dizer não a si mesmo.”
– Abraham Lincoln
Em seu livro “Caminhos & escolhas: O caminho para uma vida mais feliz”, o empresário Abilio Diniz, responsável pela construção de uma das maiores companhias de varejo do país, o Grupo Pão de Açúcar, afirma que a qualidade de vida é uma busca permanente do equilíbrio entre os diversos papéis e atividades que desempenhamos dia após dia. Esses papéis – como o de pai/mãe, cônjuge, cidadão, etc. – exigem, antes de tudo, organização para conciliar as atividades profissionais, o convívio com a família e os compromissos sociais. “Mais que qualquer benefício financeiro, qualidade de vida exige método. Ter método e disciplina pode, à primeira vista, parecer algo difícil de conseguir – mas, na minha opinião, isso, ou melhor, a falta disso é que impede a maior parte das pessoas de conquistar benefícios físicos e espirituais para si”, conclui Diniz.
A princípio, algumas das decisões necessárias à conquista de uma melhor qualidade de vida parecerão extremamente difíceis e penosas, exigindo um enorme sacrifício pessoal.
O mais difícil, no entanto, é dar o primeiro passo – em pouco tempo, aprendemos como fazer e nossa rotina se torna mais fácil e agradável.
A capacidade de organização da própria vida também é essencial ao lidar com o estresse, inimigo poderoso e cheio de artimanhas. A sensação de estresse é sorrateira, ou seja, ninguém acorda em burnout repentinamente – o desgaste vai se acumulando ao longo de semanas, meses e anos e, quando percebemos, já estamos dominados.
Assim, embora o fim do estresse não esteja sob controle de ninguém – afinal estamos todos expostos a exigências profissionais, decepções na vida pessoal, fases de aperto financeiro etc. – cada um de nós pode escolher conduzir a própria vida na direção daquilo que deseja. “Seja o condutor – nunca o passageiro – do carro da própria vida”, ensina Abilio Diniz (DINIZ, 2004).
Ser o motorista implica autonomia, isto é, exercer o direito de escolha sobre os rumos a seguir, o que fazer e a qual velocidade. Em geral, porém, passamos tempo demais nos autossabotando para não cumprir nossas prioridades; nesse processo, culpamos o trânsito, o chefe, o colega de trabalho… Lembre-se: “Você pode mais do que as outras pessoas, as que andam no banco do passageiro. Nessa posição, você se desvia de boa parte das situações que causam aborrecimentos. E o que isso tem a ver com estresse? Quando você identifica fatores causadores do estresse e consegue dominá-los, sua vida se torna bem mais leve. Você se desvia deles, como se desvia de um engarrafamento” (DINIZ, 2004, pp. 96, 97).
Para minimizar o nível de estresse, é fundamental também separar o que é importante ao cuidar da agenda. As atividades devem ser compartimentadas conforme a indicação de prioridades alta, média e nula, concedendo pequenos intervalos de calmaria e contemplação no dia-a-dia.
A gestão do tempo é acessível a todos, mas poucos dedicam-se de fato a ela.
Muitas pessoas consideram os transtornos provocados pela falta de administração da rotina uma fatalidade, e ainda empurram a culpa da própria desorganização para os outros.
Ninguém deveria incluir na agenda mais compromissos do que ela comporta. Tentar colocar doze em uma caixa de seis é utopia, porém geralmente pensamos: “Ok, doze é demais, mas acho que dá para encaixar oito”.
Simplesmente ignoramos que os breves intervalos entre um compromisso e outro são indispensáveis e atuam como uma espécie de amortecedor emocional, permitindo relaxar alguns instantes no meio da correria.
- Autoconhecimento
“Quando você muda a forma como olha para as coisas, as coisas que você olha mudam.”
– Wayne Dyer, psicoterapeuta e conferencista
A organização e a disciplina podem proporcionar resultados fantásticos e duradouros tanto para um indivíduo quanto para toda uma empresa, mas seus benefícios certamente são limitados pela ausência de autoconhecimento.
O sucesso tanto pessoal quanto profissional exige consciência e crença no próprio potencial, Pergunte-se:
- Eu me conheço realmente?
- Reconheço minhas próprias emoções? Consigo expressá-las de modo fidedigno?
- Sou capaz de reconhecer meus próprios erros, corrigi-los e me desculpar por eles?
- Tenho baixa tolerância a frustrações? O que desperta minha raiva e como costumo manifestá-la?
- Me sinto frequentemente triste, ansioso ou agitado? Por quê?
Crie o hábito de periodicamente, antes de dormir, pegar uma folha de papel e escrever nela tudo o que está sentindo: medos, inseguranças, raiva, decepções, desejos, expectativas etc. Descreva essas emoções até as últimas consequências, imaginando tudo o que de pior pode acontecer. Ao acordar, releia tudo o que anotou e perceba como essa “lista de medos e angústias” parecerá ter saído de outra cabeça. Você provavelmente não se identificará com a maior parte desses sentimentos de ruína pessoal, abandono e autodesprezo.
Tratando-se de uma empresa, os questionamentos podem ser um pouco mais complexos e envolver aspectos como:
- Quais são os principais pontos fortes e deficiências da organização?
- Os colaboradores estão suficientemente satisfeitos, comprometidos e engajados com os objetivos da companhia? Caso negativo, por quê?
- Como lidamos com crises e conflitos internos e externos?
- Quais são as nossas metas de produtividade para o próximo mês/semestre/ano e como pretendemos atingi-las? Temos sido negligentes ou duros demais em relação a elas? Temos deixado a obrigação de produzir alienar a paixão de criar?
Esse processo de autoanálise é abrangente demais para ser realizado sem auxílio profissional competente, especialmente tendo em vista que o ser humano tende a se defender instintivamente de críticas. Por mais flexível e aberto que você se considere, a defesa íntima provavelmente te levará a rebater acusações ou renegá-las para si mesmo. E, se você não possui conhecimento de quem realmente é de suas próprias fraquezas, acaba tornando-se refém de suas vulnerabilidades, virando seu pior inimigo.
- Amor
“Pode se viver uma vida magnífica quando se sabe trabalhar e amar. Trabalhar por aquilo que se ama e amar aquilo em que se trabalha.”
– Leon Tolstói
O amor, assim como o ódio, tem uma grande capacidade se nos mover, porém cada um nos conduz a um destino diferente. E, ao contrário do que muitos acreditam, esses sentimentos estão presentes também no universo corporativo.
Amar mobiliza nossas energias, pressupondo cumplicidade, troca e doação. Um ambiente de trabalho regido pelo amor não está de livre de conflitos e embates de vários tipos, mas eles tendem a ser muito mais breves e construtivos.
Paralelamente, pessoas que verdadeiramente gostam do que fazem geralmente também são mais eficientes no desempenho de suas funções.
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Referências bibliográficas
- ORLIKOWSKI, Wanda J. & SCOTT, Susan V. Sociomateriality: Challenging the Separation of Technology, Work and Organization. Annals of the Academy of Management, Volume 2, pp. 433 – 474. Acesso em: 01/07/2020.
- DINIZ, Abilio. Caminhos & escolhas: o equilíbrio para uma vida mais feliz. Elsevier Editora, 2004.
Tema: Coaching, Inteligência Emocional.
Subtema: O tripé da gestão executiva de excelência: Organização & disciplina + Autoconhecimento + Amor
Objetivo: Autoconhecimento, Autodesenvolvimento, Desenvolvimento de Liderança, Coaching, Coaching nas Empresas.
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