Aprender com os erros é ter sucesso. Saber enfrentá-los, gerindo as emoções, mantendo a autoconfiança, isso é Inteligência Emocional.”
– Fellipelli
A consciência das emoções e o desenvolvimento das chamadas competências comportamentais são fatores essenciais para o sucesso do indivíduo. Por outro lado, a incapacidade de gerenciar as próprias emoções pode prejudicar gravemente a performance profissional e o desempenho corporativo.
O êxito e o fracasso, ao contrário do que muitos acreditam, não são determinados por características genéticas e imutáveis; diversos estudos recentes já indicaram que grande parte dos circuitos cerebrais do cérebro humano é flexível e pode ser aperfeiçoada.
Em um mercado de trabalho que se torna cada vez mais competitivo, bons currículos e qualificações não são mais suficientes para conquistar a vaga desejada. Isso ocorre porque, atualmente, as empresas esperam e anseiam também por outro tipo de competências em seus funcionários: as soft skills.
Educar a mente sem educar o coração não é educação em absoluto.”
– Aristóteles
A palavra skill é traduzida para o português como competência ou habilidade — ou seja: corresponde à aptidão para fazer algo. Até pouco tempo atrás, os processos seletivos fundamentavam-se quase que exclusivamente na avaliação das chamadas hard skills ou competências técnicas que podem ser adquiridas em capacitações e acrescentadas ao currículo.
Com a evolução do mercado, no entanto, as hard skills ou “habilidades duras” tornaram-se imperativas e não representam mais um diferencial. Paralelamente, pesquisas no campo de gestão de recursos humanos vêm reforçando a importância de habilidades como empatia, comunicabilidade, liderança e Inteligência Emocional para um bom desempenho profissional.
Atualmente, além de verificar os atributos técnicos, os recrutadores buscam profissionais com soft skills bem desenvolvidas. Ao contrário das hard skills, que podem ser medidas por meio de testes simples e comprovadas através de certificados e diplomas, as soft skills possuem natureza intangível e difícil de mensurar. Sociabilidade, pensamento analítico, resolução de conflitos e uma atitude flexível e positiva são manifestações comuns desse tipo de habilidade.
Também chamadas de people skills (habilidades com pessoas) ou interpersonal skills (habilidades interpessoais), as soft skills são traços de personalidade que influenciam os relacionamentos no ambiente de trabalho e, consequentemente, a produtividade da equipe e da organização como um todo. Assim, ainda que exista demanda por certas habilidades técnicas para o preenchimento de vagas, as empresas geralmente preferem pessoas que possuem soft skills consideradas fundamentais.
Isso ocorre porque, em geral, é muito mais simples para o empregador ensinar uma competência técnica do que uma comportamental. E, no mundo de negócios contemporâneo, os colaboradores devem obrigatoriamente ser capazes de se adaptar rapidamente, trabalhar bem em equipe, superar desafios e lidar com adversidades externas.
Principais tipos de soft skills
Seus principais clientes são os seus colaboradores. Olhe antes para os seus colegas de trabalho e depois para os seus consumidores.”
– Ian Hutchinson
Em 2017, a pesquisa global do Capgemini Digital Transformations Institute descobriu que 60% das organizações estão insatisfeitas com as soft skills de seus colaboradores. O estudo verificou também uma crescente demanda por habilidades específicas entre os 1.250 executivos entrevistados (Capgemini, 2017):
- Foco no cliente (65%): qualidade de atendimento e dedicação ao cliente;
- Cooperação (64%): capacidade de trabalhar em equipe e assumir tarefas;
- Aprendizagem contínua (64%): pensar “fora da caixa”, ou seja, aventurar-se além da zona de conforto para adquirir novos saberes.
- Habilidade organizacional (61%): conhecimentos que os líderes devem dominar para lidar com situações complexas na rotina corporativa.
- Habilidade de lidar com ambiguidade (56%): ser capaz de conviver com as ambiguidades e transformações inerentes ao meio corporativo é fundamental em um mundo cada vez mais VUCA (volatilidades, incertezas, complexidade e ambiguidade).
- Mindset empreendedor (54%):
- Capacidade de promover mudanças (53%):
Além das habilidades “suaves” abordadas na pesquisa, há diversas outras soft skills desejadas pelas empresas em seus funcionários. De acordo com o perfil de cada cargo, indivíduos com características de liderança serão mais adequados, enquanto as pessoas com maior capacidade analítica, por exemplo, se encaixarão melhor em outras vagas. Existem, porém, soft skills padronizadas, ou seja, comuns a todos os profissionais e não restritas a funções específicas:
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Comunicação eficiente:
A capacidade de se comunicar no ambiente corporativo é indispensável para a harmonia das equipes de trabalho e para que aquilo que é esperado seja feito do modo como foi idealizado. Por isso, as empresas priorizam bons comunicadores ao contratar e reter talentos.
Rotineiramente, diversas áreas organizacionais devem interagir entre si para atingir objetivos e metas em comum. Para isso, porém, os profissionais dos vários setores da empresa precisam ter um bom relacionamento. Entre profissionais de marketing e vendedores, por exemplo, essa necessidade é ainda mais evidente: se ambos não estiverem alinhados e “falarem a mesma língua”, será praticamente impossível obter bons resultados em suas respectivas funções.
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Versatilidade e multitasking:
O modo de trabalhar definitivamente mudou. Antes altamente especializados e restritos a funções específicas, os profissionais mais disputados atualmente no mercado de trabalho não temem mudanças nem evitam o novo, mas repensam continuamente suas ações para obter mais efetividade.
Esses indivíduos estão sempre prontos para se adaptar a novas circunstâncias, sejam elas quais forem. São agentes transformadores do ambiente de trabalho, motivando seus colegas a seguir em frente e buscar novas soluções.
Eles geralmente também são multitaskers, ou seja, pessoas que sabem – e gostam – de desempenhar diferentes tarefas, alternando-as rapidamente conforme necessário. Ágeis e conectados, esses colaboradores geralmente são disputados pelas empresas devido a sua capacidade de realização e improviso em diversas atividades simultâneas.
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Gerenciamento do tempo:
A administração do tempo é um fator vital para o bem-estar nos âmbitos pessoal e profissional. Diante de um cotidiano cada vez mais agitado e do acúmulo de obrigações e atividades, as pessoas frequentemente se veem sobrecarregadas e estressadas, sem saber o que fazer para dar conta de tantos compromissos.
Nesse cenário, indivíduos capazes de gerir melhor o próprio tempo e organizar os afazeres a partir de prioridades levam enorme vantagem sobre os demais, já que costumam render mais no trabalho e ainda possuem uma melhor qualidade de vida.
Estabelecer prazos, definir objetivos claros e descartar distrações não são tarefas fáceis, por isso é importante contar com o auxílio de especialistas em Inteligência Emocional e avaliação comportamental.
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Controle emocional e resiliência:
As empresas desejam e precisam de funcionários equilibrados, que sabem administrar desafios e problemas na vida pessoal e no ambiente de trabalho. Como poucas atividades são realizadas isoladamente, o equilíbrio emocional de cada indivíduo pode influenciar todos os membros da equipe, gerando um clima organizacional positivo ou negativo.
Já o conceito de resiliência diz respeito à capacidade de manter-se flexível diante de adversidades. Essa flexibilidade é constituída por uma série de crenças pessoais que permitem superar pequenos e grandes empecilhos diários, superando situações estressantes com otimismo, autocontrole e autoconfiança.
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Criatividade:
A criatividade é uma arma extremamente poderosa para lidar com situações novas e imprevistos. O profissional que a detém geralmente encontra soluções com mais rapidez e eficiência, abrindo seus próprios caminhos e criando uma rotina de trabalho personalizada.
Os gestores costumam reconhecer rapidamente o potencial criativo de um funcionário, e saber utilizá-lo corretamente pode gerar transformações positivas, maior produtividade e, consequentemente, lucro. Ser capaz de enxergar os problemas sob diversas perspectivas e reconhecer oportunidades são alguns dos principais diferenciais de um colaborador criativo.
Desenvolvimento de soft skills
Não é o dinheiro que importa. São as pessoas que você tem e como você as lidera.”
– Steve Jobs
“As empresas contratam pelo currículo e demitem pelo comportamento”. Essa frase, famosa no universo corporativo, destaca a importância das soft skills na rotina das empresas. Quem concorda com ela é Guilherme Junqueira, CEO da Gama Academy, curso dedicado à capacitação de pessoas para o trabalho no mercado digital, e um dos criadores da Associação Brasileira de Startups (Na Prática, 2017).
Uma pesquisa recente da revista Você S/A revelou que somente 13% das demissões têm a ver com as hard skills, enquanto 87% estão diretamente ligadas a questões comportamentais, ou seja, à ausência de soft skills.
Junqueira defende a ideia de que muitos funcionários são contratados por suas hard skills e posteriormente dispensados pela carência de soft skills. Para ele, o processo de construção e aperfeiçoamento de habilidades pessoais deve ser permanente, tendo em vista que elas estão intimamente relacionadas à identidade das empresas e à matriz de imagem de marca das mesmas.
Pascal Finette, líder do Programa de Empreendedorismo e Inovação Aberta da escola de negócios Singularity University, possui fortes convicções sobre quais soft skills podem gerar maior impacto positivo nas empresas: “Acho que há um conjunto de habilidades que gira em torno de design thinking e também de resiliência. Ambas podem ser ensinadas e aprendidas” (SingularityHub, 2019). Sofia Wingren, CEO da Hyper Island, concorda: “Queremos que nossos alunos desenvolvam capacidade de colaboração, aprendam a ouvir e a receber feedback”, diz (Hyper Island, 2019).
A demanda crescente por soft skills nas empresas também se explica pela tendência de queda das fronteiras entre as atribuições de cada profissão. Atualmente, os profissionais de todas as áreas devem ser capazes de se adaptar, adquirir novos conhecimentos técnicos, características comportamentais e capacidade de atuar junto a colegas de formações e áreas diferentes.
É comum que um profissional de recursos humanos, por exemplo, tenha que aprender a utilizar ferramentas de inteligência artificial nos processos de seleção de novos funcionários, ou que um psicólogo adquira conhecimentos fundamentais sobre programação. “A tendência é que as pessoas façam um pouco de tudo e tenham uma visão do todo. Penso que dizer ‘Não sou pago para fazer isso’ vai virar um ‘crime’“, afirma Tonia Casarin, jovem brasileira vencedora de um concurso global da Singularity University (Medium, 2017).
Nesse cenário, é intensa a busca das empresas por profissionais que integrem conhecimentos técnicos e habilidades de cooperação, empatia e resiliência na resolução de problemas. O desenvolvimento de soft skills deve começar pela incorporação das mesmas à cultura organizacional. Para isso, a capacidade de diálogo e reflexão sobre o trabalho em equipe e a abertura à empatia devem ser a base de uma cultura organizacional que sustenta e promove a construção de soft skills no ambiente corporativo.
Esse processo geralmente envolve treinamentos, workshops e palestras que evidenciem o valor inestimável de características como Inteligência Emocional, comunicabilidade, liderança, motivação e flexibilidade. Já o segundo o passo consiste na mensuração e no monitoramento das soft skills desenvolvidas. Embora difíceis de medir, o acompanhamento da evolução dessas habilidades é possível se realizado de modo contínuo e contextualizado conforme o perfil de cada profissional.
A constante troca de feedbacks permite que o colaborador perceba quais são seus pontos fortes e quais aspectos precisam ser aperfeiçoados. A participação ativa dos gestores na rotina de trabalho também é fundamental para isso.
As soft skills são preciosas habilidades relacionadas à Inteligência Emocional, à capacidade de compreensão e ao trabalho em equipe. A FELLIPELLI disponibiliza cursos e assessments exclusivos para o desenvolvimento individual de soft skills e o aprimoramento de equipes como um todo. Consulte-nos!
Para saber mais:
- Soft Skills. Conheça as Ferramentas Para Você Adquirir, Consolidar e Compartilhar Conhecimentos. José Carlos Cordeiro Martins. Editora Brasport, 2017.
- Bridging the Soft Skills Gap: How to Teach the Missing Basics to Todays Young Talent. Bruce Tulgan. Editora Wiley, 2015.
- As Regras de Ouro. Dez Segredos Para Se Tornar Um Campeão na Vida e nos Negócios. Bob Bowman. Editora Saraiva, 2016.
- Mapeamento Comportamental: Métodos E Aplicações. Coordenação editorial: Rafael Zandoná. Editora Ser Mais, 2019.
Referências bibliográficas:
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CAPGEMINI, 2017. The Digital Talent Gap. Are Companies Doing Enough? Acesso em: 30/04/2019.
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GOLEMAN, Daniel, 1996. Inteligência Emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Editora Objetiva.
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Na Prática, 2017. Como se preparar para a carreira no mundo das startups? Acesso em: 30/04/2019.
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SingularityHub, 2019. Acesso em: 30/04/2019.
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Hyper Island, 2019. Acesso em: 30/04/2019.
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Medium, 2017. Acesso em: 30/04/2019.
Tema principal: Eq-I 2.0® Inteligência Emocional, PREVUE™ – Seleção de Pessoal, Team Management Profile® , Consultoria De Desenvolvimento Humano, interaction Style® Profile – Relação Interpessoal no Trabalho, IPT® Liderança – Desenvolvimento de Competências de Liderança.
Subtemas: Soft skills, competências comportamentais e técnicas, Inteligência Emocional,
Objetivo: Desenvolvimento Organizacional, Coaching, Coaching nas Empresas, Desenvolvimento de Competências, NeuroCoaching. Desenvolvimento de Liderança.
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