Ano novo, empresa nova?! O sentimento de renovação e o planejamento estratégico organizacional13 min de leitura

Obstáculos são aquelas coisas assustadoras que você vê quando desvia os olhos de sua meta.”

– Henry Ford

Estabelecer resoluções de ano novo é uma prática frequente ao redor do mundo, e entre 40 e 50% dos adultos norte-americanos possuem esse hábito, conforme estimativas. No entanto, uma pesquisa de Richard Wiseman, da Universidade de Bristol, com 3.000 participantes indicou que, embora 52% das pessoas demonstrassem confiança no próprio sucesso, somente 12% delas de fato foram bem-sucedidas um ano depois (Richard Wiseman, 2007).

Assim, ainda que o sentimento de renovação dessa época possa ser muito útil e benéfico em alguns casos, a grande maioria das pessoas não cumpre e muitas vezes sequer lembra-se do que desejou para o ano novo.

Figura 1.0 Resoluções de ano novo.

Para as empresas não é diferente, ainda mais se tratando de 2019, que promete ser mais um ano de grandes desafios. Aberturas e fechamentos de unidades e novos modelos de negócios são algumas das metas das maiores companhias no Brasil e no mundo, sempre com a intenção de gerar forças que elevem a organização a novos patamares de prosperidade. Para esse fim, entre tantas propostas de investimentos e projetos para que o empreendimento siga com mais leveza e aumente sua capacidade de gerar riquezas, como fazer para planejar os objetivos e não terminar o ano com a sensação de decepcionado mais uma vez?

Estando agora decretado o novo ciclo e tendo hoje como o primeiro dia útil de trabalho do ano, a seguir, listamos alguns fatores essenciais sobre as metas de ano novo quando o assunto é gestão empresarial.

Um roteiro organizacional para 2019

É necessário muito planejamento para manter seu lugar no mercado e conquistar melhores posições. Pontuando com antecedência suas metas e as ações que serão executadas no decorrer do ano, você consegue navegar com maior tranquilidade pelos afazeres e gerir o negócio sem perder o controle.

Figura 1.1 Roteiro organizacional.

Organizar-se e fazer o planejamento empresarial para o próximo ano pode ser uma tarefa mais simples do que parece seguindo esse passo a passo:

  1. Balanço do ano que passou: Antes de iniciar um novo planejamento, é importante fazer uma avaliação de como foi o ano anterior para o seu negócio. Aqui é preciso tentar recuperar informações e realizar um amplo levantamento de dados.

Os objetivos foram atingidos? As estratégias funcionaram? Qual foi a reação do público? Como os recursos foram aplicados? A performance dos funcionários foi satisfatória? Como está a imagem da empresa? Os resultados são bons? O que deve melhorar?

Realizar esse balanço geral possibilita correções de rota, assim como guia a estratégia a ser implementada para o cenário atual.

  1. Estudo de mercado: Após verificar a situação atual da sua empresa, siga para uma compreensão detalhada do mercado. Aqui é importante analisar agentes internos e externos que possam impactar o seu negócio.

“Analise se o mercado está comprando, quais as demandas com mais saída, o que os clientes procuram, como está a condição econômica do país”, explica Donizete Böger, coordenador do Sebrae/SC Vale do Itajaí (Sebrae SC, 2018).

Já Francisco D’Orto Neto, economista e diretor de finanças corporativas, M&A e governança corporativa da Crowe Horwath, destaca a importância de itens específicos no planejamento anual (Crowe, 2018):

“Devem estar presentes no planejamento premissas macroeconômicas, tais como previsão de inflação, variação cambial, taxa de juro, liquidez de moeda ou meio circulante”, afirma.

  1. Projeção de cenários: Imagine diversas situações abrangendo possibilidades pessimistas, otimistas e realistas. Dessa forma, você reduz o risco de ser surpreendido independentemente do que de fato ocorrer.

“Considere as ameaças que podem afetar o desempenho da empresa e avalie as oportunidades que esse cenário apresenta. Projetar cenários mais realistas é um bom início para não furar o orçamento do ano seguinte”, aconselha Böger.

Para prever cenários futuros você deve fundamentar-se no histórico da sua empresa – demonstrado no seu balanço – e no estudo de mercado.

  1. Definição de metas e objetivos: O que você pretende obter nos próximos 12 meses? Sejam quais forem os seus planos, é fundamental colocar seus objetivos no papel e estabelecer metas para o ano da sua empresa. Não basta, porém, só escrever; ao definir seus objetivos, você deve pensar nos esforços e ações necessários para conquistar cada meta.
  2. Revisão da estratégia organizacional: Esta revisão deve incluir declaração de seu negócio, sua visão, sua missão, seus valores, sua cultura, e envolver os ambientes externo – oportunidades e ameaças do mercado – e interno – forças e fraquezas da organização.

É preciso também adequar seus valores e suas estratégias às metas e aos objetivos previamente definidos. Esta etapa é indispensável, pois funciona como uma bússola para orientar os planejamentos de ações da corporação, além de ajudar a consolidar a imagem organizacional tanto para a equipe interna quanto para o seu público.

  1. Calendário de ações promocionais: Este é um modo bastante prático de se preparar para cada atividade a ser realizada ao longo do ano. Só é necessário pensar nas datas comerciais mais importantes em geral – Natal, Black Friday, Dia do Frete Grátis, etc. – e também nas particulares do seu tipo de negócio.

Aponte cada uma dessas datas e já defina no planejamento anual quais ações promocionais ocorrerão em cada uma delas.

  1. Estratégia de marketing: Aqui devem ser analisados, revistos e redefinidos os principais elementos de marketing que irão compor a estratégia da organização – produtos/serviços, ponto/distribuição, promoção, pessoas envolvidas, preço praticado, processos e a percepção de valor de seus clientes

É recomendável também planejar as campanhas anuais, avaliar se os canais de comunicação e de divulgação da marca estão operando adequadamente e ajustar cada estratégia às metas preestabelecidas e às possibilidades do negócio.

  1. Estratégias operacionais: Nesta abordagem operacional é necessário definir aspectos mais práticos do negócio, tratando de fatores como questões de logística, quadro de colaboradores, instalações, estoque e capacidade de produção ou venda.

Neste planejamento deve ser estudada também a estratégia de operações, assegurando que a operação seja capaz de suportar as metas determinadas na estratégia organizacional e na estratégia de marketing.

  1. Estrutura da equipe: Esta etapa envolve revisar as funções, tarefas e o desempenho de todos os funcionários para posicionar cada um deles nas novas estratégias e prepará-los para os desafios futuros. Isso aplica-se não apenas aos colaboradores, mas também aos prestadores de serviços e às próprias atividades da organização.

É a hora de programar treinamentos e cursos, definir as datas das férias e montar estratégias para motivar e engajar a equipe no ambiente da empresa.

“Se pretende contratar novos funcionários ou buscar novas parcerias, aproveite para avaliar a necessidade e prever essa possibilidade no planejamento, definindo o perfil do que procura”, recomenda Böger.

  1. Orçamento anual: Com todas as possibilidades, estratégias e operações anuais estabelecidas, agora é hora de organizar cada fase. Nesse processo, é importante considerar as principais necessidades do negócio sem perder de vista suas possibilidades reais.

Para isso, devem ser registradas todas as receitas que a operação vai gerar e os gastos associados à sua realização – inclusive os fixos e variáveis, tributos e despesas relacionadas à venda. Os investimentos também devem estar previstos, tanto os voltados a ativos fixos quanto os direcionados ao uso de capital de giro pela organização.

  1. Alocação de investimentos: Embora diversos indicadores demonstrem que 2019 ainda será um ano crítico no cenário econômico nacional, cada empresa é única, e a crise global apresenta diferentes efeitos sobre os nichos de mercado. Assim, mesmo em um ambiente de forte crise, as condições específicas de um mercado podem favorecer o crescimento do seu negócio.

Já para quem está experimentando momentos difíceis e precisa economizar, uma boa ideia é analisar cuidadosamente as prioridades da organização, direcionando os investimentos de forma mais segura.

Nesse cenário é fundamental uma priorização de projetos, levando em consideração volume, fonte de financiamento e tempo de retorno. Devem ser mantidos preferencialmente os investimentos estratégicos, que visam à manutenção da competitividade da empresa e da sua presença no mercado.

  1. Avaliação periódica: Todo planejamento exige controle e avaliações constantes para ser bem-sucedido. Sendo assim, tão importante quanto fazer um planejamento eficiente é estipular prazos para analisar os resultados e descobrir o que está e o que não está funcionando como deveria.

“Sempre que necessário, é importante atualizar as informações e os dados do documento, retraçando as rotas e buscando sempre o melhor caminho para o negócio”, conclui Böger.

O método OKR

Como vimos, o planejamento e a execução das estratégias empresariais são alguns dos grandes desafios das organizações na atualidade. Em cenário cada vez mais globalizado e competitivo, possuir estratégias bem estabelecidas e consolidadas é essencial para o funcionamento apropriado de qualquer empresa, além de muitas vezes representar um importante diferencial no mercado.

Vários gestores, porém, ainda não dedicam a atenção e os esforços necessários para o assunto por crerem que a estratégia organizacional está ligada exclusivamente à geração de receita, não afetando os demais aspectos da empresa.

Nesse sentido, especialmente no contexto de PMEs (Pequenas e Médias Empresas), cabe ressaltar que a ausência de gestão estratégica é um dos principais motivos de falência das empresas, de acordo com o Sebrae (Sebrae SP, 2017).

Apesar de incomum, algumas organizações ainda conseguem obter sucesso por um curto período de tempo sem, no entanto, possuírem um modelo formal de metodologia de gestão. Isso acontece porque, eventualmente, a estratégia está bem definida nas mentes dos fundadores da empresa, além de existir uma comunicação direta com os funcionários e uma equipe enxuta, que favorece o alinhamento dos colaboradores à cultura e à estratégia organizacionais.

Há, porém, diversas empresas incapazes de priorizar as ações de marketing a partir dos resultados gerados e sem metas claras para mensurar o sucesso da estratégia adotada. Ademais, o crescimento da equipe e da organização como um todo costuma impor alguns desafios para os gestores, especialmente tratando-se de comunicação e comprometimento com a estratégia da empresa.

Uma pesquisa conduzida pela Leadership IQ (Leadership IQ, 2013), com a participação de 400 empresas, expõe claramente o problema ao mostrar que somente 15% dos funcionários acreditam que suas atividades são importantes para que a organização atinja suas metas.

Para o crescimento sustentável de uma empresa, é necessário garantir que todos os colaboradores saibam responder questões-chave como:

Quais são as prioridades da empresa hoje?

O que eu estou fazendo para atingir as metas organizacionais?

Nos anos 50, Peter Drucker, escritor considerado o pai da administração moderna, já dizia: “O que não se pode medir, não dá para gerenciar”. Assim, com o surgimento de inúmeras startups e novos modelos de negócios, diversos métodos de gestão também são elaborados para atender esse mercado cada vez mais dinâmico.

Criados pelo ex-CEO da Intel, Andrew S. Grove, os Objectives and Key Results (OKR) só se popularizaram em 1999, quando John Doerr, um dos primeiros investidores do Google, introduziu o método aos colaboradores da empresa em torno de uma mesa de ping pong – sim, naquele ano toda a equipe de funcionários do Google ainda cabia ao redor de uma mesa de ping pong (DOERR, 2018).

Figura 1.2 Google: exemplo de aplicação da metodologia OKR.

O método que fundamentou a expansão do Google – a organização foi de 40 colaboradores em 1999 para mais de 60 mil – pode auxiliar também empresas de todos os portes. A princípio, Doerr estabeleceu a seguinte fórmula básica para definir metas:

“Eu vou” (objetivo)

+

 

“Medido por” (conjunto de resultados-chave)

Nos OKR, portanto, há somente dois componentes essenciais:

Objetivos (O): declaração concisa do rumo escolhido pela empresa. Um bom objetivo tem que ser claramente descrito para que toda a equipe seja capaz de imaginá-lo e desejá-lo também.

Resultados-chave (KR): metas que impactam diretamente o atingimento do objetivo caso cumpridas adequadamente.

OKR (Objectives and Key Results) são uma metodologia de gestão muito empregada por empresas no vale do Silício. Resumidamente, podemos dizer que é uma fórmula para traçar e monitorar metas a partir das diretrizes “Eu vou” (objetivo) e “medido por” (conjunto de resultados-chave).

Figura 1.3 OKR (Objectives and Key Results)

Quanto à natureza, podemos dizer que o objetivo é qualitativo enquanto os resultados-chave – geralmente de 2 a 5 para cada objetivo – são quantitativos.

Objetivos bem escolhidos devem ser resumidos, facilmente compreensíveis e inspiradores. Já os key results são utilizados para verificar se o objetivo foi ou não alcançado dentro do prazo – geral trimestral para OKR táticos e anual para OKR estratégicos.

Os OKR representam uma excelente ferramenta de comunicação e gestão, facilitando a criação de foco e promovendo o alinhamento dos esforços de todos os colaboradores em prol de um único objetivo desafiador em comum.

A virada do ano é uma excelente oportunidade para reavaliar as operações e os resultados da sua empresa, otimizando o que vai bem e corrigindo as falhas encontradas.

Para auxiliar nesse processo, a FELLIPELLI conta com profissionais altamente qualificados e especializados em atender às diversas demandas organizacionais através de assessments e cursos internacionalmente reconhecidos, como o BIRKMAN® (avaliação comportamental), o IPT® LIDERANÇA e o TEAM MANAGEMENT PROFILE® (desenvolvimento de equipes).

Para saber mais:

  • Measure What Matters: How Google, Bono, and the Gates Foundation Rock the World with OKRs. John Doerr. Portfolio, 2018.
  • Nos Bastidores do Google. Aaron Goldman. Saraiva, 2011.
  • Manage your life like Google: A Guide to Using Objectives and Key-Results to Fulfill your Dreams. eBook Kindle. Qulture.Rocks, 2015.
  • Start with Why – How great leaders inspire everyone to take action. Simon Sinek. Portfolio, 2011.
Referências bibliográficas

Tema principal: Técnicas de coaching e autodesenvolvimento.

Subtemas: Educação corporativa – fundamentos, tendências e vantagens de implementar um programa na sua empresa.

Objetivo: Coaching, Orientação Profissional, Desenvolvimento Organizacional, Desenvolvimento de Liderança, Plano de Ação, Planejamento Estratégico.

Este conteúdo é de propriedade da Fellipelli Consultoria Organizacional. Sua reprodução; a criação e reprodução de obras derivadas – a transformação e a adequação da obra original a um novo contexto de uso; a distribuição de cópias ou gravações da obra, na íntegra ou derivada -, sendo sempre obrigatória a menção ao seu autor/criador original.

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