Responsabilidade Social Corporativa (RSC) como estratégia organizacional10 min de leitura

A organização é limpa e simples de compreender, e muito responsável. Tudo fica cada vez mais simples. Esse é um de meus mantras – foco e simplicidade.”

– Steve Jobs

Sua empresa tem Responsabilidade Social Corporativa? Ou o conceito parece estranho e você não sabe ao certo o que significa? Seja qual for o seu caso, a responsabilidade social corporativa (RSC) é uma questão tão complexa quanto necessária.

Não é difícil, porém, compreender sua importância diante de recursos naturais finitos em um planeta com bilhões de habitantes. Processos produtivos utilizam recursos naturais, ocupam espaços urbanos, criam resíduos e geram impactos negativos para as pessoas e para o meio ambiente.

Para que essa conta não feche no vermelho, cabe às empresas assumir uma postura cidadã, buscando reverter danos e gerar benefícios, favorecendo a qualidade de vida da população e a preservação da natureza.

Figura 1.0 Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e marketing ambiental (green marketing).

O conceito de responsabilidade social está diretamente ligado a esse posicionamento organizacional diante das necessidades sociais e do ecossistema ambiental.

A ISO 26000 (ABNT NBR ISO 26000, 2010), oficialmente publicada em 2010 e famosa como ‘norma da responsabilidade social’, trata das questões de RSC, funcionando como um guia para as empresas em relação a temas como direitos humanos, ética, prática de trabalho, meio ambiente, sustentabilidade, governança, entre outros.

Nela, a Responsabilidade Social Corporativa é descrita como a responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que:

  • Contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive à saúde e bem-estar da sociedade;
  • Leve em consideração as expectativas dos stakeholders;
  • Estejaem conformidade com a legislação aplicável e seja consistente com normas internacionais de comportamento; e
  • Esteja integrada em toda a organização e seja praticada em seus relacionamentos”.

De acordo com Harrison (2005), os stakeholders são os públicos de interesse, grupos ou indivíduos que afetam e são significativamente afetados pelas ações da empresa: clientes, colaboradores, acionistas, fornecedores, distribuidores, imprensa, governo, comunidade, entre outros.

A preocupação com ações responsáveis e éticas por parte das organizações já existe há algum tempo. No ano de 2005, por exemplo, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) foi criado para informar e destacar aos investidores uma carteira formada por empresas que demonstram reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e sustentabilidade corporativa (B3, 2018).

Os tipos de RSC

Embora o tema seja abrangente, a responsabilidade social em si não é difícil: corresponde a projetos, atitudes, conscientização e incentivo a movimentos capazes de transformar o cenário socioambiental. Essas ações são classificadas em quatro tipos, conforme suas especificidades:

  • Responsabilidade ambiental: Um dos primeiros motes nos debates sobre responsabilidade social empresarial, a responsabilidade ambiental representa uma série de iniciativas voltadas para o desenvolvimento sustentável do planeta. Aqui, é importante conciliar crescimento econômico e conservação ambiental, assegurando a sustentabilidade. Nesse sentido, as organizações devem investir em mecanismos para otimizar a eficiência energética, reutilizar materiais e reaproveitar água, por exemplo.
  • Filantropia: A filantropia também integra o rol de ações que podem ser realizadas pelas companhias para auxiliar a confrontar dificuldades nas comunidades em que atuam.
Figura 1.1 Filantropia: manifestação de responsabilidade social corporativa.

São consideradas filantrópicas desde doações até a promoção de eventos beneficentes. Também são filantrópicos os projetos em prol dos direitos humanos, suporte em casos de desastres naturais, construção de casas populares e acesso à água potável.

  • Ética: Esse aspecto está estreitamente relacionado à governança corporativa, já que aqui as organizações estabelecem suas políticas referentes ao relacionamento e aos direitos de seus stakeholders.

Exemplos típicos de ética e governança corporativa são o respeito nas relações trabalhistas, o pagamento adequado pelo trabalho realizado, a licença-maternidade e o afastamento remunerado por razões de saúde, dentre outros benefícios.

  • Responsabilidade econômica: A responsabilidade social corporativa não faz sentido se o universo econômico também não for abordado através de práticas e ações para promover a própria sustentabilidade financeira do negócio.

Para isso, porém, não é necessário desconsiderar os efeitos sobre a sociedade e o meio ambiente, até porque eles também são beneficiados por ações empresariais economicamente conscientes.

A melhor representação de responsabilidade econômica são as iniciativas em prol da racionalização do processo produtivo, do aproveitamento de produtos reciclados e da redução dos custos da produção, que possibilitam baixar o preço de mercado de diversos bens e serviços.

RSC como ferramenta estratégica

Ao assumir um compromisso com a Responsabilidade Social Corporativa, a empresa a materializa de diversas formas: através da emissão de documentos formais, como o planejamento estratégico; por meio da racionalização dos processos; influenciando o comportamento dos colaboradores e, por fim, impactando positivamente a natureza e a sociedade como um todo.

A adoção dessa estratégia é capaz de gerar grandes vantagens competitivas em diferentes âmbitos para as organizações:

  • Impressão positiva da marca junto ao consumidor: A imagem da marca é um elemento fundamental para a consolidação de um negócio no mercado, especialmente diante do empoderamento dos clientes na era digital. Assim, uma boa impressão da marca pelo público-alvo é indispensável para sua fidelização.

A empresa moderna existe para fornecer um serviço específico à sociedade. Portanto, tem de participar da comunidade, ser uma vizinha, realizar suas tarefas dentro de um cenário social

[…]

Os impactos sociais que causa, inevitavelmente, ultrapassam a contribuição específica, que é a razão da sua existência (DRUCKER, 2001, p. 81).

Associar a marca a medidas de respeito socioambiental é um excelente meio para conseguir um forte engajamento. Isso ocorre porque, quando o conceito da organização sobe na mentalidade dos compradores, a performance de campanhas de marketing melhora, as vendas crescem e o cliente passa a enxergar a organização como a que melhor atende a suas expectativas e demandas.

  • Confiança dos investidores: Empresas que possuem e expõem boas bases de governança corporativa, demonstrando seu viés cidadão, constroem uma imagem melhor diante de investidores.

Os efeitos desses esforços são relevantes para as empresas, assim como para os resultados organizacionais. A atuação responsável e ética de uma companhia sugere que ela tem uma gestão otimizada e que o negócio é sustentável. Com isso, o mercado passa a acreditar que é seguro manter seus investimentos na organização.

  • Racionalização de impactos ambientais e financeiros com TI Verde: A Tecnologia da Informação Verde ou simplesmente TI Verde refere-se à tendência global de diminuição do impacto dos recursos tecnológicos na natureza. Trata-se de um conjunto de ações que buscam tornar a utilização da tecnologia mais sustentável e menos nociva, propondo métodos de compatibilização do uso de recursos naturais às políticas sustentáveis empresariais.

As políticas de TI Verde implicam no reaproveitamento de recursos tecnológicos e na racionalização do consumo de energia para o funcionamento de data-centers, além de outras práticas voltadas para o uso dos benefícios proporcionados pelas transformações digitais, como a cloud computing.

Figura 1.2 Cloud computing: tecnologia de TI verde.

Esses processos não são restritos aos departamentos de TI, já que hoje não existem mais fronteiras perceptíveis entre tecnologia e negócio. Desse modo, ao aplicar estratégias sustentáveis de TI, os efeitos atingem o empreendimento em geral, com um aproveitamento mais inteligente de recursos e condições mais vantajosas para o progresso da empresa.

Benefícios da RSC para as organizações

Embora muito comentada, a Responsabilidade Social Corporativa ainda permanece um tema novo no cenário organizacional brasileiro. Com a evolução do mercado, é cada vez maior a exigência de transparência, ética e qualidade socioambiental nos negócios. Nesse contexto, as empresas que não se ajustam a essas demandas já se encontram atrasadas no mercado competitivo, enquanto as que procuram se adequar obtêm grandes vantagens.

A RSC, portanto, exerce grande influência na imagem de marca e na percepção do consumidor, constituindo um fator decisivo durante o processo de compra.

Além disso, são algumas das principais vantagens de ser socialmente responsável:

  • Valorização do produto/serviço: Quando um produto ou serviço vem de uma organização com responsabilidade social bem estruturada e divulgada, ele conquista mais facilmente credibilidade e a confiança dos clientes.
Figura 1.3 Valorização do produto/serviço como benefício da RSC.
  • Bom relacionamento com a comunidade: Uma empresa que cuida não somente da promoção de seus produtos, se preocupando também com a comunidade a qual pertence, conquista o respeito, a atenção e a simpatia da população.
  • Preservação dos próprios recursos: A RSC depende de uma gestão interna sustentável e responsável, que promova um melhor planejamento dos insumos necessários. Esse tipo de gestão garante também que o uso desses recursos se dê de forma a não esgotá-los.
  • Motivação dos colaboradores: Trabalhar em uma empresa que se preocupa com questões socioambientais é muito mais estimulante para os funcionários, e o engajamento da equipe, por sua vez, é primordial para o êxito da organização.
  • Incentivos governamentais: Empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável e o bem-estar social costumam receber mais incentivos governamentais, como redução dos encargos fiscais, imunidades ou isenções tributárias.
  • Menos processos judiciais: Organizações que cultivam relacionamentos saudáveis com o governo e a comunidade estão menos sujeitas a litígios e problemas judiciais.

O desenvolvimento da Responsabilidade Social Corporativa de uma organização depende da qualificação e do comprometimento dos gestores e funcionários. A FELLIPELLI conta com uma equipe especializada para auxiliar nesse processo, através de assessments e cursos internacionalmente reconhecidos, como o IPT® LIDERANÇA – Desenvolvimento de Competências de Liderança e TEAM MANAGEMENT PROFILE® – Desenvolvimento de Equipes.

Para saber mais:

  • Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Corporativa: Estratégias de Negócios. Takeshy Tachizawa. Editora Atlas.
  • Responsabilidade Social e Incentivos Fiscais. Adriana Estigara, Sandra A. Lopes Barbon Lewis e Reni Pereira. Editora Atlas.
  • Responsabilidade Social Empresarial e Empresa Sustentável. Da Teoria à Prática. José Carlos Barbieri. Editora Saraiva.
  • Compliance, ética, responsabilidade social e empresarial. Luis Roberto Antonik. Alta Books.
Referências bibliográficas:

Tema principal: Desenvolvimento Organizacional

Subtemas: Responsabilidade Social Corporativa (RSC) – conceitos, papel estratégico e vantagens de desenvolvê-la.

Objetivo: Liderança, NeuroCoaching, Coaching nas Empresas, Desenvolvimento de Competências, Team Building, Desenvolvimento de Equipes, Desenvolvimento Organizacional.

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