Neurocoaching: A Neurociência da Alta Performance Humana13 min de leitura

“O cérebro é como um músculo. Quando pensamos bem, nos sentimos bem.”

Carl Sagan

Você provavelmente já ouviu o termo neurocoaching – ou coaching de neurociência – e se perguntou o que isso pode ser.

Simplificando, neurociência é o estudo do cérebro e do sistema nervoso e como eles funcionam fisiologicamente para transformar estímulos sensoriais em saídas, ações e/ou reações.

O coaching, por sua vez, é um processo transformador de orientar e possibilitar mudanças dentro de um coachee para resultados positivos em suas áreas de interesse. Combinar esses dois campos fornece uma ênfase profunda de impacto da autoconsciência sobre como o cérebro está conectado para processar informações, aprender e criar hábitos, enquanto utiliza essa consciência para desmantelar crenças autolimitantes, dúvidas, ansiedades, perspectivas estreitas, vieses e preconceitos. Isso permite que um novo roteiro mental e um novo estilo de vida sejam criados, formando hábitos, pensamentos, perspectivas e ações benéficas.

Assim, o neurocoaching consegue capacitar o cérebro para identificar e reverter crenças e padrões que bloqueiam seu potencial, substituindo-os por outros novos e produtivos, gerando assim um impacto duradouro em termos de bem-estar emocional e alta performance mental.

Em processos seletivos de empresas de diversos setores, por exemplo, uma das perguntas mais comuns é sobre o que nos torna diferentes ou o que nos faz nos destacar dos outros – em outras palavras, qual é a sua proposta de valor única. Nenhum candidato pensa nisso, mas a resposta mais assertiva é o cérebro. Seu cérebro faz de você um indivíduo único. Embora, fisiologicamente, todos tenhamos os mesmos componentes cerebrais, funcionalmente nossos cérebros são tão diferentes e únicos quanto a nossa impressão digital.

É exatamente aqui que entra em cena a principal função do neurocoaching: ajudar cada pessoa a entender o quão único e especial seu cérebro é. Tendo em vista que o cérebro controla suas decisões, como você reage e suas saídas sensoriais, entre tantos outros aspectos, que tal encontrar alavancas que possam ser usadas para desenvolver sua plena aptidão e potencial mentais?

Autoconhecimento: uma abordagem neurocientífica

“Sou a única pessoa no mundo que eu realmente queria conhecer bem.”

Oscar Wilde

Os recentes avanços da neurociência não deixam dúvidas de que qualquer coisa que pensamos, sentimos ou fazemos, a qualquer hora e em qualquer situação, é determinada por complexas interações neuroquímicas. Quando dizemos que “o comportamento ocorreu por causa da liberação do composto neuroquímico X no cérebro”, é preciso acrescentar que “o comportamento ocorreu porque o ambiente em que essa pessoa vive tornou seu cérebro mais predisposto a liberar esse composto neuroquímico em algumas situações”, e também que “há um gene que codifica essa versão específica do composto neuroquímico Y”, e ainda que “fatores milenares moldaram a evolução desse gene em particular”.

Nenhuma crença, hábito ou modo de agir tem um único motivo, seja ele um trauma, um gene ou uma estrutura cerebral. Nada vem do nada. Nenhum cérebro opera no vácuo. Nenhum cérebro é uma ilha. De fato, cada pessoa é resultado de uma enorme sinergia multifatorial – é preciso pensar complexamente em coisas complexas.

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Nenhum cérebro é uma ilha: maior atividade no córtex pré-frontal medial em resposta a um feedback negativo está associada à baixa autoestima. Fonte: Workshop on Social Neuroscience, 2013.

Essa visão interdisciplinar do ser humano, porém, é relativamente nova. Em 1925, John Watson, o fundador do behaviorismo, fez a seguinte afirmação (Watson, 1970):

“Deem-me uma dúzia de crianças pequenas saudáveis e bem formadas e o meu mundo específico para criá-las, e eu garanto escolher uma delas ao acaso e treiná-la para tornar-se qualquer tipo de especialista que eu quiser: médico, advogado, artista, comerciante e, sim, até mendigo ou ladrão, sem levar em conta os seus talentos, capacidades, inclinações, habilidades ou vocações.”

O fato de cientistas renomados da época, como Watson, desconhecerem o papel crucial da personalidade e do autoconhecimento na vida humana só evidencia o quanto avançamos em menos de um século.

Até pouco tempo atrás, os neurocientistas acreditavam que a autoconsciência estava confinada em três regiões cerebrais: o córtex insular, o córtex cingulado anterior e o córtex pré-frontal medial.

No entanto, estudos mais recentes mostraram que a autoconsciência é mais um produto de uma colcha de retalhos difusa de vias no cérebro – incluindo outras regiões – do que algo restrito a áreas específicas (Neuroscience News, 2012).

Se guiar por valores e buscar compreender o que é significativo pra nós resulta em autoconhecimento. Tem a ver com o que somos, estamos dispostos a fazer e se essas ações partem do que faz parte de nós e do que aceitamos ou não.

Decisão: neurociência e vieses inconscientes

“Nada é mais difícil e, portanto, tão precioso, do que ser capaz de decidir.”

Napoleão Bonaparte

Você decide os rumos da sua vida? Bem, somos tomadores de decisões menos racionais e independentes do que gostamos de acreditar.

O córtex pré-frontal, a região frontal do cérebro responsável por atividades cognitivas mais elaboradas como resolução de problemas e planejamento, é a principal envolvida na tomada de decisão. Não à toa, o córtex pré-frontal é famoso como o “CEO do cérebro”, dada sua indispensabilidade para nossa habilidade de raciocinar e tomar decisões complexas.

Para tomar uma decisão, o córtex pré-frontal analisa as diversas alternativas, levando em conta os prós e contras de cada uma. Ele também considera qualquer informação relevante armazenada em nossa memória de longo prazo, mesclando esses dados com as informações disponíveis no presente. Graças a esse processo, conseguimos tomar decisões prudentes baseados em nossas informações e experiências passadas.

Decidir, no entanto, não se restringe à lógica. As emoções, na realidade, têm uma influência gigantesca na tomada de decisões. O sistema límbico, que é responsável pelas emoções e motivações no cérebro, também está profundamente ligado à tomada de decisões. É ele que avalia o conteúdo emocional relacionado à cada escolha, enviando sinais ao córtex pré-frontal quando tomamos decisões.

Imagine que você está na dúvida entre duas propostas de emprego: uma de uma empresa que oferece uma ótima remuneração, mas tem um péssimo ambiente de trabalho, e outra de uma empresa que paga muito menos, mas tem um ambiente de trabalho harmonioso. Se você prioriza o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, seu sistema límbico pode levá-lo a escolher a segunda opção, ainda que a primeira seja bem mais lucrativa.

O dilema cerebral da tomada de decisão.

O processo de tomada de decisão pode ser dividido em duas fases: avaliação e exploração. Um decisor eficiente é aquele capaz de equilibrar prudência da avaliação de experiências passadas à ousadia da exploração de novas opções desconhecidas. A estratégia das empresas é definida, em última análise, por tomadores de decisão individuais, que devem conciliar as buscas conflitantes por segurança e inovação, alternando entre avaliação e exploração. Assim, o alto desempenho depende da resolução dessa tensão fundamental.

A exploração desencadeia uma ativação mais forte das regiões cerebrais envolvidas com a avaliação da incerteza relacionada à recompensa, bem como ao controle cognitivo e atencional.

A avaliação, por outro lado, otimiza o desempenho na tarefa atual. No nível organizacional, isso gera a tendência de institucionalizar comportamentos confiáveis em rotinas. Áreas específicas do cérebro têm sido associadas a um circuito de avaliação de recompensas (ganhos) e punições (custos), que leva a ajustes comportamentais via aprendizagem baseada em recompensas.

Há três áreas-chave do cérebro envolvidas na tomada de decisão:

  1. Um sistema de codificação de estímulos (córtex orbitofrontal): dependente de incentivos positivos (ganhos), bem como da experiência emocional associada aos resultados (feedback).
  2. Um sistema de análise situacional (córtex cingulado anterior): analisa situações ambíguas ou conflituosas, e tem sua ativação aumentada durante funções executivas emocionais e cognitivas.
  3. Sistema límbico: sentinela das emoções, a amígdala faz parte do chamado cérebro profundo, marcado por emoções básicas como a raiva ou o medo e também o instinto de sobrevivência. A amígdala, uma estrutura em forma de amêndoa, está presente em todos os vertebrados e se localiza na profundidade dos lóbulos temporais, integrando o sistema límbico.

Os neurotransmissores, moléculas que viabilizam o fluxo de informação entre neurônios no cérebro, são outro fator que influencia a tomada de decisões. Diferentes neurotransmissores desempenham papéis distintos na tomada de decisão. Quando recebemos um feedback positivo, por exemplo, a dopamina, neurotransmissor ligado à recompensa e ao prazer, é secretada. A serotonina, por sua vez, é um neurotransmissor associado ao humor e comportamento em grupo, e desempenha um papel importante na tomada de decisão social.

Influências ambientais e preconceitos pessoais podem ambos também ter um impacto significativo em nossa capacidade decisória. Restrições de tempo, por exemplo, podem nos fazer decidir mais impulsivamente, enquanto preconceitos pessoais podem nos levar a ignorar fatos cruciais.

O conceito de viés inconsciente despontou ainda nos anos 70, introduzido pelos estudiosos da economia comportamental Daniel Kahneman e Amos Tversky (KAHNEMAN & TVERSKY, 1979). Com a rápida evolução das neurociências a partir da década de 1990 – considerada a década do cérebro – informações sobre o funcionamento cerebral e o comportamento vêm ganhando cada vez mais atenção da mídia e da sociedade em geral, enquanto os vieses cognitivos emergiram como fatores indispensáveis para explicar a participação involuntária de crenças e preconceitos nas decisões humanas.

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Estresse & U Invertido

Estresse agudo x crônico

Você já ouviu falar em homeostase? Significa possuir condições ideais de frequência cardíaca, temperatura corporal, níveis de glicose etc. Um agente estressor, portanto, é algo que afeta esse equilíbrio homeostático – como ser perseguido por um predador ou correr atrás de uma presa, por exemplo. A resposta ao estresse é uma série de alterações neurais e endócrinas que persistem até a situação crítica passar e a homeostase ser reestabelecida.

Ao visualizar um perigo, a amígdala é ativada; os neurônios dela, por sua vez, estimulam os neurônios do tronco encefálico, liberando adrenalina e noradrenalina pelo corpo. Além disso, durante eventos estressantes, processos biológicos de longo prazo ficam suspensos – crescimento, reparação de tecidos e reprodução são os principais.

Toda essa reação sistêmica ao estresse foi uma grande vantagem evolutiva para os nossos antepassados, mas hoje, encaramos estressores muito mais diversos e subjetivos do que caçadas – relacionamentos familiares, conjugais, profissionais, problemas financeiros… Como indivíduos sencientes que somos, ficamos estressados por simplesmente prever ou imaginar situações difíceis – sofremos por antecipação os efeitos de um possível desequilíbrio homeostático. Isso gera o estresse psicológico crônico, cada vez mais frequente e preocupante em empresas e na sociedade em geral.

Vivenciamos uma dicotomia: o estresse agudo para fugir de um predador salva vidas, mas o estresse crônico da preocupação abala relacionamentos, prejudica o desempenho profissional e, em casos mais extremos, adoece e até mata.

U Invertido

Ficar preso em um longo engarrafamento ou escapar de um predador contrasta com o estresse de que gostamos – passageiro, leve, surpreendente  e excitante. Gostamos tanto desse tipo de estresse que pagamos por ele – em montanhas-russas, por exemplo.
Isso é explicado pelo chamado U Invertido, um conceito-chave que explica como o estresse moderado pode ser benéfico para nós. Aqui também há diferenças individuais drásticas: o hobby de um montanhista é o pesadelo de uma pessoa que tem medo de altura; empreender é a meta de vários profissionais e o grande temor de tantos outros, que preferem a rotina assalariada.

Em que ponto do U Invertido está o seu desempenho ótimo?

O estresse ocorre quando as pessoas sentem que os eventos têm exigências excessivas. O grau de estresse experimentado depende da percepção da pessoa. As percepções, de fato, determinam se tal situação é vivenciada como uma “exigência excessiva” – em vez de uma tarefa desafiadora ou mesmo uma oportunidade.

Essas percepções dependem da maneira como interpretamos os fatos – cérebros diferentes recebem e interpretam um mesmo estímulo de modos também distintos. Que tal se credenciar em uma metodologia exclusiva de coaching baseada nos mais recentes estudos sobre o funcionamento do cérebro? A Formação em Coaching Neurocoaching Brain-based Coaching Certificate® (BBCC) é o programa mais completo e conceituado de coach profissional para atender às demandas de grandes organizações nacionais e internacionais. No Brasil, tem parceria com a FELLIPELLI, além de reconhecimento internacional pela ICF – International Coaching Federation. Anote aí: 08, 10, 15, 17, 22, 24, 29, 31/08 – 14, 21, 28/09 – 05, 11, 19, 26/10 – 01, 09, 16, 23 e 30/11 – Brain Based Coaching Certificate – Formação em Neurocoaching® BBCConline, ao vivo, via stream. Reserve já sua vaga!

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS