Sinta o momento presente. Não pense em absolutamente nada. Viva esta experiência no aqui, agora.
Você provavelmente está imaginando ser esta uma das técnicas utilizadas em aulas de meditação ou workshops de respiração. Por que fala-se tanto em meditarmos? Para que serve “esvaziar” a mente?
Se você já ouviu falar de processos inconscientes irá entender que se referem aquilo que não é óbvio e ao qual não podemos ter acesso através da razão. Seria a meditação uma forma de estar mais próximo ao que nomeamos de inconsciente?
No artigo “The neuroscience of mindfulness”, David Rock traz a tona a importância da atenção plena (mindfullness)- que pode ser definida como a concentração no momento atual, intencional, e sem julgamento – como um dos mecanismos de controle cognitivo. E quais os benefícios? Melhor tomada de decisões e maior probabilidade de você atingir os seus objetivos.
A pesquisa realizada por Norman Farb, da University of Toronto, nos ajuda a entender o conceito de atenção plena (mindfullness) de uma perspectiva neurocientífica. Nós temos duas formas distintas de interagir com o mundo. Imagine que você está sentado num parque olhando um lago e pensando em um presente que você precisa comprar e na pessoa que irá recebê-lo. Em seguida, você se dá conta que não avisou à aniversariante que levaria um amigo na festa de aniversário e pensa em telefonar para ela. Neste momento, começa a chover e logo cai uma tempestade, fazendo com que você leve um susto e saia à procura de abrigo.
Enquanto estava pensando nas coisas que precisa fazer, provavelmente você não percebeu que estava com fome e não notou que o tempo começou a fechar e estava começando a chuviscar. Isto porque, de acordo com a neurociência, enquanto estamos utilizando o circuito da narrativa, fazemos planejamentos e olhamos para o futuro, mas deixamos de perceber os aspectos ligados aos nossos órgãos do sentido.
Há outra forma de vivenciarmos as experiências, o que é chamado de experiência direta. É quando absorvemos as informações através dos órgãos do sentido em tempo real, sem pensarmos no passado ou futuro. Quando vivenciamos uma atenção plena, tornamo-nos mais flexíveis nas respostas que damos ao mundo e nos tornamos menos aprisionados com nossas suposições, julgamentos, hábitos e expectativas.
É fácil praticar a atenção plena, o difícil é lembrarmos de praticá-la. Mas afinal, é preciso meditar para vivenciarmos esta “experiência direta”?
Não. De acordo com o artigo de David Rock, podemos praticá-la em qualquer momento e lugar. Basta afastar pensamentos sobre o futuro e vivenciar as sensações no aqui agora. Afinal, para planejar é preciso, antes, analisar a situação atual. Perceber nossas necessidades e as possíveis tempestades é o que irá garantir o sucesso de nossas ações futuras!
Roberta Brandi
Psicóloga graduada pela PUC-SP, com especialização em Mediação de Conflitos pela mesma Universidade, e certificada em Psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae.
Fonte: http://www.psychologytoday.com/blog/your-brain-work/200910/the-neuroscience-mindfulness