Tipos Psicológicos e o Teste de Associação de Palavras de Jung3 min de leitura

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Carl Gustav Jung foi o fundador da psicologia analítica, uma das principais abordagens da Psicologia. O psiquiatra e psicoterapeuta suíço desenvolveu muitos estudos e elaborou teorias durante a sua vida acadêmica. Entre elas, ele sugeriu a teoria dos tipos psicológicos, apresentando o conceito de função psíquica ou psicológica.

Essa função é uma atividade que a mente humana apresenta, estabelecendo habilidades, aptidões e tendências no relacionamento do sujeito com o mundo e consigo mesmo. Jung denominou as seguintes funções da mente: sentimento, pensamento, intuição e sensação. Na visão de Jung, o tipo psicológico é determinado pela introversão ou extroversão, que seriam os dois tipos gerais de atitude do ser humano, se mostrando pela forma como o sujeito se relaciona com o mundo. Vale ressaltar que, segundo ele, nenhum ser humano é exclusivamente introvertido ou extrovertido – ambas as atitudes existem dentro dele, mas uma delas foi mais desenvolvida.

Além da teoria dos tipos psicológicos, Jung estudou incansavelmente a ideia de inconsciente. Segundo ele, não se pode lidar diretamente com os processos inconscientes por eles serem repletos de uma natureza inatingível, se expressando através de seus produtos, como os sonhos. Entretanto, vale ressaltar a importância que Jung dava para a interpretação desses produtos, uma vez que a integração destes à consciência resultava em transformação e autoconhecimento.

Ao explicar os métodos que utilizava para o estudo da atividade psíquica inconsciente, Jung apontou três métodos de análise: imaginação ativa, análise dos sonhos e o teste de associação de palavras. Assim, estes representam os modos como Jung abordava o lado obscuro da mente humana, o inconsciente.

O teste de associação de palavras consiste em uma lista de aproximadamente cem palavras, no qual a pessoa é orientada a reagir com a primeira palavra que lhe passa pela cabeça e o mais depressa possível, depois de ter ouvido e entendido a palavra-estímulo. Marca-se o tempo de cada resposta com um cronômetro. Depois de terminadas as cem palavras, é iniciada a segunda parte do teste: repetem-se as palavras-estímulo e a pessoa tem que

repetir as suas respostas anteriores. Segundo Jung, em algum lugar, a memória falha – e esses erros são de maior importância.

A partir das diferentes reações encontradas na segunda parte do teste, Jung elaborou a teoria dos complexos. Estes são conglomerados de conteúdos psíquicos caracterizados por uma carga emocional específica e talvez dolorosa, as famosas “feridas” – que muitas vezes não estão acessíveis ao consciente da pessoa. Alguns indicadores de complexos no teste são: o prolongamento do tempo da reação, riso, movimentação corporal, tosse, gaguejar, repetição da palavra-estímulo, ausência absoluta de reação, entre outros.

Por fim, é interessante destacar que o MBTI foi criado com base nos estudos de Jung. Evidentemente, a ferramenta se apoia na teoria dos tipos psicológicos, uma vez que utiliza tanto as quatro funções da mente humana– pensamento, sentimento, sensação e intuição – quanto o tipo geral de atitude – extroversão ou introversão. Mas pode-se pensar que, além de ter usado essa teoria como base no desenvolvimento da ferramenta, Myers e Briggs também tiveram acesso ao estudo do teste de associação de palavras de Jung, construindo a ferramenta de assessment MBTI.

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