A solitude da liderança: como o MBTI® pode ajudar12 min de leitura

Esclarecendo os pontos fortes e a melhorar do líder com MBTI® em seu momento de solitude.

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O primeiro pensamento que se tem, no senso comum, acerca da liderança, é o estar com outras pessoas e motivá-las a agir. Contudo, essa ideia deve ser questionada, pois o líder, antes de tudo, precisa ter muito autoconhecimento para atingir os melhores resultados.É preciso aprender a ser só”, como diria Gilberto Gil.

Há a necessidade de diferenciar solidão de solitude. A solidão compreende um isolamento, muitas vezes atrelado a sentimentos negativos e estados depressivos do ser. A solitude, via de regra, é uma escolha pessoal, que envolve o mergulho em si mesmo para descobrir quais são os verdadeiros dons e atributos de cada indivíduo.

Enquanto a solidão é um abandono, a solitude é uma decisão, pautada na maturidade e com foco no crescimento pessoal.

Figura 1 As relações sociais saudáveis independem de preferências psicológicas e trazem sentido à vida.
Figura 1 As relações sociais saudáveis independem de preferências psicológicas e trazem sentido à vida.

Sabe-se que, independente de preferências psicológicas, o ser humano é um ser social. Muitos dos sentidos da vida estão ligados às relações interpessoais saudáveis. Longos períodos de isolamento podem ser gatilhos para diversas doenças mentais.

Segundo Perlman e Peplau, “a solidão é um sofrimento, um sinal de alerta de que as relações sociais de uma pessoa são deficientes em alguma maneira importante…, e a solidão ocorre quando há uma incompatibilidade entre as relações sociais reais de uma pessoa e as necessidades ou desejos de contato social.”.

A solidão imposta e a solitude desejada

Em alguns períodos da vida humana, a pessoa pode desejar a solitude e a procura, através do seu livre arbítrio, na tentativa de avançar para a autoconcentração, autocontrole, autoavaliação, paz interior e serenidade. É um chamado para um profundo conhecimento de si mesmo.

Raramente as crianças desejam a solidão, em contraste com os adolescentes que frequentemente se isolam durante o tempo funcional para recuperar a estabilidade emocional, nos momentos de fortes flutuações emocionais, contradições e desespero.

Nos estágios iniciais da adolescência, quando a pessoa se esforça para se identificar, a solitude pode ser uma força “motriz”, facilitando bastante o diálogo interior e busca de valores e motivações.

A solitude contribui para uma compreensão mais profunda do real significado da vida e para traçar um perfil harmonioso da personalidade.

A solitude na vida adulta

A solitude é o forno da transformação”, disse Henri J.M. Nouwen. Ele continua: “Sem a solitude, continuamos sendo vítimas de nossa sociedade e continuamos enredados nas ilusões do falso eu”.

Com o tempo escasso, é muito difícil para os adultos, em especial os que ocupam posições de liderança, administrarem esses momentos essenciais de contato consigo mesmo. Todavia, se um líder quiser potencializar suas capacidades, é imprescindível que isto esteja em sua agenda.

Figura 1.1 Líderes são pessoas com visão, capazes de formular uma nova direção.
Figura 1.1 Líderes são pessoas com visão, capazes de formular uma nova direção.

William Deresiewicz descreve como isso afeta a liderança:

O que temos agora são os maiores tecnocratas que o mundo já viu, pessoas que foram treinadas para serem incrivelmente boas em uma coisa específica, mas que não têm interesse em nada além de sua área de especialização. O que não temos são líderes.

Em outras palavras, o que não temos são pensadores. Pessoas que podem pensar por si mesmas. Pessoas que podem formular uma nova direção… Em outras palavras, pessoas com visão.

Como é possível encontrar-se com a própria verdade, em um mundo que nos bombardeia com personas pelas redes sociais, com notícias falsas, com imediatismos e fórmulas precárias de autoajuda?

Só o autoconhecimento é capaz de trilhar o caminho da realidade pessoal. Ou, como diria o grande pensador contemporâneo, Yuval Noah Harari: “Num mundo inundado de informações irrelevantes, clareza é poder.”.

O mundo não forma líderes

As pessoas buscam orientação na liderança. Desde crianças, as pessoas são ensinadas a cumprir regras, realizar tarefas e possuem a punição como forma de controle. A palavra aluno é um ótimo exemplo disso. Etimologicamente significa um ser sem luz. Não é à toa que o exercício de se tornar um líder seja tão desafiador, na vida adulta.

De acordo com o livreto Tipos Psicológicos e Liderança:

Inspirar outros a trabalhar rumo a uma direção escolhida exige habilidades de um líder de se relacionar e se comunicar com outras pessoas de maneira eficiente, compreender suas motivações, influenciar suas ações e construir relações de confiança. Isto requer a habilidade de fazer surgir o que há de melhor nas outras pessoas tanto individualmente quanto em grupos.

Mobilizar a realização eficiente dos objetivos exige que líderes deixem claro quais são os resultados desejados, que foquem seus esforços na direção desses resultados, que ajudem a identificar e a remover as barreiras que impeçam a ação, que gerenciem desempenho, que alinhem os sistemas da organização para apoiar o progresso e que façam uso completo das habilidades de todos. Este papel requer tanto um empenho na direção dos resultados e uma habilidade para gerenciar mudanças com destreza – movendo indivíduos e organizações de forma oportuna.

Para ser um bom líder, portanto, é necessário ter ferramentas que auxiliem na compreensão de si mesmo.

O MBTI® como catalisador

Há inúmeras ferramentas que nos trazem a clareza de quem somos. O MBTI®, criado por Carl Gustav Jung é a maior, em termos de autoconhecimento.

Saber o perfil psicológico nos ajuda a tomar melhores decisões, em momentos de crise, a comunicar de acordo com os estilos diversos dos colaboradores, a estar mais aberto às mudanças e ter plena consciência de onde estão os pontos a serem trabalhados, no estresse.

As atitudes

As atitudes descrevem dois aspectos de como as pessoas são orientadas para o mundo que as circunda. São representadas pela primeira letra (E ou I) ou pela quarta letra (J ou P) dos seus tipos de quatro letras:

Extroversão e Introversão (E–I). A atenção e energia das pessoas fluem naturalmente ou de forma mais externamente, para o mundo externo e para as atividades das outras pessoas (Extroversão), ou mais interiormente, para o mundo interno de suas ideias ou experiências internas (Introversão). Cada pessoa é naturalmente mais revigorada por esse mesmo mundo externo ou interno.

Julgamento e Percepção (J–P). As pessoas naturalmente tendem a tirar conclusões e agir sobre elas (Julgamento) ou a buscar informações e se adaptar a elas (Percepção). Estas preferências conduzem a duas formas distintas de estruturas, as prioridades das pessoas e o uso do tempo.

Funções mentais

Sensação e Intuição (S–N). As pessoas entendem melhor o mundo ao usar informações obtidas por meio da Sensação (S), confiando em dados sensoriais específicos ou da Intuição (N), focando em conexões entre padrões percebidos, possibilidades e significados. Os dados sequenciais específicos obtidos pelo uso da preferência da Sensação surgem a partir de momentos presentes e passados. A compreensão suscitada a partir da preferência menos tangível pela Intuição geralmente extrapola para o futuro.

Pensamento e Sentimento (T–F). As pessoas tomam decisões usando uma das duas abordagens racionais, Pensamento (T) ou Sentimento (F). Pessoas com uma preferência por Pensamento tendem a tomar decisões usando uma abordagem objetiva e impessoal que é lógica, consistentemente aplicada e linear. Pessoas com uma preferência por Sentimento tendem a tomar decisões usando uma abordagem subjetiva mais pessoal baseada no que é mais importante ou valorizado por aqueles que serão afetados pela decisão e/ou por quem toma a decisão.

As oito funções mentais e suas contribuições para a liderança

Assim como todos os tipos de personalidade extrovertida têm certos traços em comum, o mesmo ocorre com as funções extrovertidas. Sua primeira e mais óbvia comunicabilidade é a direção externa. Eles também são caracteristicamente amplos em seu escopo em comparação com as funções introvertidas (assim como extrovertidos são mais expansivos em suas transações do que introvertidos). As funções introvertidas, por outro lado, são mais restritas em escopo (assim como os introvertidos tendem a ter interesses ou atividades mais estreitos ou mais focados do que os extrovertidos). Quaisquer que sejam as funções introvertidas que não tenham extensividade, elas compensam em profundidade.

Funções extrovertidas

Dirigido externamente (observável por outros).

Amplo em escopo; extenso.

Funções introvertidas

Dirigido interiormente (escondido de outros).

Estreito em escopo; profundo e intensivo.

A sensação extrovertida (Se) busca uma extensa estimulação externa – novas imagens, sons, gostos, experiências, etc.

A Sensação introvertida (Si) baseia-se na experiência pessoal passada, o “experimentado e verdadeiro”, tornando desnecessário buscar constantemente novas ou amplas experiências.

A Intuição extrovertida (Ne) explora novas ideias, padrões e possibilidades no mundo exterior. Uma vez que os Ne partem dos conceitos e teorias existentes, esses tipos costumam ler bastante para adquirir um entendimento amplo ou diversificado.

A Intuição introvertida (Ni) apreende ideias, padrões e perspectivas que emergem no interior. Os INxJs podem se sentir menos compelidos a ler extensivamente, uma vez que sua fonte de N material é derivada e adivinhada interiormente.

O Pensamento extrovertido (Te) busca tornar as operações externas mais racionais e eficientes. Seus métodos “padronizados” podem ser amplamente aplicados para tornar quase qualquer organização ou empresa mais racional.

O Pensamento introvertido (Ti) preocupa-se com a racionalidade interna e a eficácia pessoal. Seus métodos são mais individualizados e, portanto, menos amplamente aplicáveis ​​do que os de Te.

O Sentimento extrovertido (Fe) analisa uma amplitude do sentimento humano. Seu objetivo é cultivar a harmonia interpessoal entre as pessoas.

O Sentimento introvertido (Fi) está relacionado à harmonia interior. Enquanto o Fe se concentra em assuntos interpessoais, Fi é intrapessoal. Seu foco está nos valores, preferências e sentimentos pessoais.

Como podemos, então, auxiliar os líderes a praticar a solitude?

Em primeiro lugar, deve-se compreender qual é a dinâmica das funções de cada tipologia, compreendendo a hierarquia na qual elas se encontram.

Outra contribuição valiosa do MBTI® está em ancorar o conhecimento de Jung acerca do processo de individuação com as etapas vivenciadas na liderança.

Jung descreveu a primeira metade da vida como sendo focada no especializar-se – desenvolver suas funções dominantes e auxiliares e aprimorar sua habilidade para usá-las bem. Ele descreveu que o foco da segunda metade da vida é como se tornar um generalista – desenvolver crescentemente suas funções terciárias e inferiores e usá-las com menos esforço.

Os anos do Especialista:

  • Função dominante: adolescência e a partir dos vinte
  • Função auxiliar: final da adolescência até os trinta

Os anos do Generalista:

  • Função terciária: dos vinte aos quarenta
  • Função inferior: dos quarenta aos sessenta

E o livreto do MBTI® sobre liderança dirá, ainda:

O desenvolvimento de liderança assemelha-se a desenvolvimento de tipo; um líder se desenvolve muito similarmente a maneira como Yung descreveu. Gerentes jovens começam sua jornada de liderança com certas perspectivas, derivadas em parte de suas funções dominantes e auxiliares, representadas pelas duas letras intermediárias do seu tipo de quatro letras.

A maioria dos líderes passa a primeira metade da sua carreira se especializando – desenvolvendo habilidades e domínio tanto na sua função de trabalho quanto no conhecimento da sua indústria. Na medida em que os líderes avançam em suas carreiras, eles frequentemente atribuem seu sucesso a certos comportamentos, provavelmente aqueles para os quais eles recebem as respostas mais positivas. Estes líderes começam a estreitar os parâmetros do seu estilo.

Seu desenvolvimento como um líder se assemelha ao desenvolvimento do tipo de personalidade. Existe a possibilidade de que você tenha desenvolvido perfeitamente sua função dominante, talvez até o ponto de usá-la excessivamente. Sua função auxiliar pode estar bem desenvolvida também ou você pode estar refinando seu uso. Porém, próximo à meia idade, exatamente no momento em que você está sendo reconhecido e promovido para liderança, você está também explorando sua terceira e quarta funções menos usadas. E, tal como escrever com sua mão “errada” ou rebater “no sentido contrário”, você pode se surpreender com quão complicados podem ser os resultados de alguns dos seus esforços. Esta dificuldade é a chave para o seu desenvolvimento. Na medida em que você pratica as suas funções menos preferidas, você aprenderá a usá-las com maior tranquilidade.

Para alcançar a solitude é preciso, pois, alcançar as próprias sombras.

Referências bibliográficas

Tema: MBTI®.

Subtema: Trazendo a clareza de quem realmente o líder é com MBTI®.

Objetivo: Autoconhecimento, Autodesenvolvimento, Desenvolvimento de Liderança, Coaching, Coaching nas Empresas.

 

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