O dia dos namorados está chegando e muitas questões sobre relacionamentos ficam a flor da pele, afinal, se relacionar intimamente com uma pessoa, dividir tarefas, perspectivas de vida, felicidades, tristezas e construir uma vida a dois não é tarefa fácil, exige empatia e tolerância.
O MBTI ®, com sua teoria sobre a existência de 16 tipos psicológicos inatos traz tolerância e entendimento sobre cada indivíduo e também sobre o outro – basicamente o que os relacionamentos pedem, já que é preciso entender o seu próprio funcionamento e também o do parceiro (a) para apaziguar brigas e fazer concessões, quando necessário.
Para entender um pouco mais sobre o impacto do MBTI ® nos relacionamentos, entrevistamos três colaboradores da Fellipelli Consultoria que namoram ou são casados com pessoas de perfis psicológicos muito diferentes. Confira:
Chris Melchiades, 39 anos – Sócia e Diretora da Filial do Rio de Janeiro
Fellipelli: Você conheceu o MBTI ® antes de conhecer seu atual marido, certo?
Chris: Sim, e foi justamente por isso que eu me apaixonei, pois percebi que ele tinha características que eu não tenho. As pessoas tendem a moldar os outros de acordo com a sua própria personalidade e o que se transforma perde sua beleza natural, sua essência. Daí muitos se tornam infelizes, pois entregam o que o outro quer, mas não o que podem. Quando eu comecei a namorar, após duas semanas eu já percebi que ele era muito diferente de mim e decidi contar isso para ele. Eu INTJ e ele ESFP com um índice de clareza alto. A possibilidade de conflito era enorme!
Fellipelli: Como você manteve a paixão? Como continuar se encantando por esse lado que você não tem?
Chris: Por Exemplo, ele é um verdadeiro festeiro e eu sou reservada, elejo quem quero que esteja e quando será a festa. Se não fizéssemos alguns acordos, alguém sairia muito infeliz nessa história. Bom, apliquei o MBTI® nele e nós ampliamos o autoconhecimento, o que automaticamente aumentou a tolerância. Mas por que aumenta a tolerância? Por que nós percebemos que o outro não acorda somente para irritar, descobrimos que cada um faz o que faz porque precisa. Daí vem o respeito às diferenças e concessões. Pensa que a minha necessidade é o inferior dele e vice-versa.
Fellipelli: Como vocês equilibram isso?
Chris: Não existe uma regra ou receita de bolo. Nós criamos uma dinâmica de conversas. Por exemplo, me surpreende chegar em casa à noite e encontrar nove pessoas para assistir ao jogo do Flamengo. No passado eu ficaria muito irritada, mas percebi que isso é a vida dele, eu tenho que esperar isso dele como natural. Mas se acontece todo dia, eu me irrito, pois eu não preciso de gente em casa todo dia. Então em alguns dias minhas necessidades são atendidas e em outros as dele.
Fellipelli: Quais são os momentos mais difíceis?
Chris: Quando os dois estão no inferior é bem complicado. Como gerenciar algo em um contexto que nem eu consigo me gerenciar 100%? Aí é o verdadeiro desafio e o que sustenta é o amor, porque você percebe que a pessoa está em momento difícil e os dois se apoiam, dentro de possível. Essa é a zona de esforço real e nessa hora é o amor que salva.
Fellipelli: Como vocês fazem para se beneficiar das diferenças?
Chris: Se eu tenho uma questão no trabalho, meu marido vira uma fonte de apoio, pois eu tenho certeza que ele vai enxergar algo que eu teria muita dificuldade em perceber. No livro “O valor da diversidade”, tem um capitulo interessante que fala sobre os riscos do casamento com uma tipologia oposta. Porém, quando isso vem paro campo da consciência, torna-se um casamento muito poderoso, pois nessas duas pessoas concebe-se todas as possibilidades, em termos de modelos mentais.
Fábio Shimana – 41 anos – Analista de Tecnologia
Fellipelli: Qual a sua tipologia e a da sua esposa?
Fábio: Eu sou ISTP e ela ENFJ. Nós somos casados há 12 anos.
Fellipelli: Então você conheceu o MBTI ® depois que a conheceu. Mudou algo na relação?
Fábio: Sim. Hoje eu a entendo mais, afinal, ela é muito diferente de mim. Por exemplo, sempre quando vai me contar alguma coisa ela detalha muito e fala demais. Se ela vai ao mercado, provavelmente vai me contar quem encontrou no estacionamento, quantas pessoas estavam na porta, qual bolsa a mulher que estava na porta usava, etc. Eu diria somente “fui ao mercado e fiz compras”, ela demorava muito tempo para contar coisas simples e isso me incomodava.
Fellipelli: Esse tipo de situação gerava algum tipo de conflito?
Fábio: Sim, pois ela falava que eu não conversava com ela e eu dizia que ela contava muitos detalhes desnecessários de tudo. Depois do MBTI® eu me tornei uma pessoa mais paciente, pois percebi que esse é o jeito dela.
Fellipelli: Você chegou a apresentá-la ao MBTI®?
Fábio: Sim e eu sinto que ela me entendeu melhor. Hoje ela sabe que não adianta me forçar a conversar e explorar detalhes sobre minha rotina, o que desencadeava uma série de pequenos conflitos. Nós dois cedemos, mas eu cedo muito mais, talvez por trabalhar em uma empresa que respire MBTI®, e tento me mostrar interessado nos detalhes, pois eu sei que isso é importante para ela.
Jairo Bomfim, 31 anos – Designer Gráfico
Fellipelli: Você é casado há quanto tempo?
Jairo: Estou com a Natália há quase 13 anos, entre namoro e casamento.
Fellipelli: Como era a relação antes de você conhecer o MBTI ®?
Jairo: Antes ela era muito introvertida, quando tinha uma festa ela não interagia com as pessoas. Eu achava ela muito fechada e enxergava isso como um defeito. Em contrapartida, ela me achava muito bagunceiro e brigava para me ensinar a ser mais organizado.
Fellipelli: O que mudou depois que você conheceu o MBTI ®?
Jairo: Descobrimos que eu sou um ESTP e ela uma ISTJ. Eu percebi que não é um defeito ser uma pessoa mais quieta e fechada, é somente uma preferência dela. Além disso ela é organizada e metódica e eu sou mais solto. Por exemplo, quando programávamos férias, eu deixava para decidir durante a viagem o que faríamos. Ela ficava brava e queria definir um roteiro detalhado. Antes, ela tentava me envolver no planejamento, depois do MBTI® percebeu que não é minha preferência e não fica me forçando a fazer as coisas.
Fellipelli: E o que ela aprendeu com você?
Jairo: Hoje ela é uma pessoa que se esforça um pouco mais para se soltar e interagir. Se eu a convido para sair, ela topa de cara ao invés de ficar pensando. Ela se tornou mais espontânea e eu me tornei mais organizado e metódico depois de todos esses anos de relacionamento.
Fellipelli: Você enxerga desvantagens nessas diferenças?
Jairo: Se eu quero ir em um lugar que ela não conhece muitas pessoas, ela se recusa a ir. Às vezes, ela quer que eu faça os procedimentos dela e isso gera alguns atritos.
Fellipelli: Você acha que o respeito entre os dois aumentou?
Jairo: Sim. Nós dois paramos de implicar com coisas bobas. As diferenças são grandes, mas a gente releva e agora costuma se entender melhor.
Ramon Olsen, 29 anos – Marketing
Fellipelli: Como eram seus relacionamentos antes de você conhecer o MBTI ®?
Ramon: Antes de conhecer o MBTI ® eu não tinha muita paciência com pessoas diferentes. Não foi uma nem duas vezes que me encontrei com alguém e por uma diferença conceitual ou mesmo por uma opinião diferente da minha, simplesmente desistia de conhecer o outro melhor. Deixei de encarar muitos namoros porque considerava a minha verdade como universal.
Fellipelli: Hoje você namora?
Ramon: Namoro há dois anos e posso te dizer que não é fácil. Sou um ENFP e ele ISTJ. Percebe que nenhuma letra se repete? São percepções sobre mundo e opiniões completamente diferentes que há 3 anos teriam feito eu desistir dessa relação em uma semana. Hoje eu tenho consciência sobre o meu funcionamento e percebo que ele não faz por mal certas coisas, então tento achar um meio termo, ou ceder e aprender, quando julgo necessário. Já o apresentei a esse conhecimento e ele faz o mesmo.
Fellipelli: Então o MBTI ® foi muito útil para a sua relação atual?
Ramon: Sem dúvida meu relacionamento atual não existiria mais se eu não conhecesse o MBTI ®, mas não é só isso, a ferramenta me fez compreender os erros do passado para nunca mais repeti-los.