Por Denise Manfredi,
Psicóloga e Consultora da Fellipelli
O mundo da ciência sabe que os estudos da atenção humana remontam décadas. No entanto, as áreas de Recursos Humanos e as lideranças pouco têm oportunidade de conhecer esta história e a real importância dos impactos da atenção, bons ou negativos, na vida adulta.
Titchener (1909) declarou que a atenção tem um papel central na cognição, ou seja, em nosso processo de aprendizagem. Antes disso mesmo, William James definiu atenção de forma sábia: – “É tomar posse da mente, de forma clara e vívida, de um dos que parecem vários objetos simultâneos ou pacotes de pensamentos.”
Foco, concentração e consciência são a essência da atenção humana.
Vamos refletir juntos sobre esta era digital com grandes e simultâneas mudanças, em que somos bombardeados por informações que são originadas de inúmeras fontes simultâneas e em contínua transformação. Quais seriam os cuidados necessários para uma tomada de decisão consciente e bem pensada e, também, para o cuidado dos impactos de uns nos outros em seus relacionamentos? James sugere que somos limitados pela quantidade de informações que podemos processar conscientemente nem um dado momento, e ele também atribuiu ao sistema da atenção a função de selecionar o que for mais relevante de tudo o que está disponível ao nosso sistema sensorial. Ou seja, a relevância para um indivíduo em particular depende dos objetivos atuais e das intenções desse indivíduo. Portanto, embora implicitamente, também é sugerido que a atenção está intrinsecamente ligada à vontade pessoal.
Outras descobertas foram feitas que, se colocadas aqui, entediarão o leitor.
O mais importante é pensar nas estratégias comportamentais importantes para uma gestão mais consciente possível. Sim, o máximo possível, porque não é presumível extrair muita coisa da nossa consciência.
A atenção é um importante mecanismo de controle cognitivo, ou seja, analisar o próprio pensamento e notar qual é a emoção conectada a este. Dessa forma, o indivíduo será capaz de mensurar oportunidades e ameaças nas suas tomadas de decisão. Somos capazes direcionar a nossa atenção para coordenar memórias, pensamentos e emoções.
Outra forma importante de regulação da atenção está relacionada na nossa habilidade de detectar e corrigir erros.
Uma das formas de treino da consciência (diagramada acima) foi sugerida pelo Neurocientista Posner (1995). Para que essa informação é importante? Pense… o cérebro humano tem todos os recursos para pensar com qualidade!
Contudo, há um desafio muitas vezes a ser superado que é a distância entre biologia e comportamento. Parte da nossa atenção é influenciada pela genética e outra parte pela experiência. Ambos geram um circuito neural!! Isso se prova pelas evidências da nossa capacidade plástica extraordinária do sistema nervoso humano, especialmente na fase de desenvolvimento (infância/adolescência).
A importância da atenção nas empresas
As áreas de Recursos Humanos, muitas vezes, contratam treinamentos para os seus líderes, a fim de melhorar a qualidade na tomada de decisões ou na gestão de pessoas. Treinamentos que sensibilizam, mas, não transformam um circuito neural para a mudança sustentável de um comportamento.
A transformação de um comportamento depende de vários processos cognitivos, ou seja, da percepção, do processo inibitório (filtro), das emoções e de outros mecanismos.
Treinamentos são úteis se tiverem acompanhamento, repetição e feedback agradável e com foco no desenvolvimento. Por quê?
Há aspectos disfuncionais da atenção na infância que podem estar influenciando os comportamentos de profissionais na fase adulta. Por exemplo, o transtorno TDAH – Déficit de Atenção/Hiperatividade. Esse transtorno nem sempre é diagnosticado com critérios científicos e qualidade durante a infância. Ou, recebem tratamento parcial ou incompleto. Fatos que levam os adultos a criarem estratégias de sobrevivência nem sempre eficazes no âmbito social e intelectual.
As características das crianças com TDAH apresentam dificuldade de se concentrar numa tarefa, impulsividade, hiperatividade, geração de erros por falta de cuidado, agitação, escalam subidas e fazem corridas sem descanso. Pode haver outras comorbidades, ou seja, outros transtornos podem surgir em paralelo, como, depressão, ansiedade, transtorno de conduta ou de oposição.
Há estudos feitos com grupos de controle em que os grupos de adultos que tiveram TDAH na infância tiveram um maior número de divórcio.
Outros fatos no ambiente organizacional trazem uma necessidade de verificação do histórico individual, cujo perfil não se transforma com sensibilizações em sala de aula, mas, sim com acompanhamentos individuais como psicoterapia, coaching ou mentoring de qualidade. A sala de aula precisa, na maioria das vezes, de apoio profissional sério contínuo.
Autoconhecimento: muito mais árduo do que se imagina
Antônio Damásio (1999) revela que o “self” humano envolve uma estrutura mais narrativa, incorporada no aqui e agora, mas possui um futuro e um passado, bem como acesso mental a ambos através de processos de memória e de consciência independente.
Se é independente, e o circuito neural se engaja, particularmente, pelas informações que são relevantes ao “self”, sabe-se que essas estruturas respondem mais quando pensamos sobre nós mesmos do que sobre outras pessoas, a menos que as características das pessoas que consideramos, sejam parte do nosso próprio conceito de “self”.
Portanto, a conscientização da influência humano nos ambientes torna-se vital para se obter uma gestão equilibrada de pessoas em que a automotivação seja impactada positivamente.
Desafio a ser transposto uma vez que a nossa estrutura bio-psico-emocional-social apresenta mecanismos de proteção a esse “self” em um ambiente de competição.
A maior parte do nosso comportamento e decisões é inconsciente.
Quem garante que temos consciência de tudo? Ninguém!
Por isso, é importante a coragem para escutar e entender, a coragem de perceber os nossos pontos cegos, a abertura para trocar pontos de vista diferentes; o esforço para buscar de forma inteligente informações que levam aos objetivos corporativos e pessoais, a ampliação de percepção para enxergar que a cooperação nos leva a resultados ainda melhores e com os riscos diluídos e mensurados com inteligência coletiva.
Tema: Neurociência, NLI.
Subtema: Quando os treinamentos são úteis no processo de transformação comportamental.
Objetivo: Autoconhecimento, Autodesenvolvimento, Desenvolvimento Organizacional, T&D, Coaching, Coaching nas Empresas, NeuroLiderança, Desenvolvimento de Liderança, Team Building.