Como as pessoas interagem em grupo com Firo-B™7 min de leitura

As tecnologias de informação e da comunicação adequadas ao desenvolvimento do grupo.

Quando pensamos na velocidade das informações e o acesso rápido a elas, como fica a atuação do profissional facilitador, educador em treinamento corporativo?

Neisa Cunha, especialista em Desenvolvimento Humano, apresentou na Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), suas reflexões sobre este tema das tecnologias de informação e da comunicação adequadas ao desenvolvimento do grupo.

Para essa reflexão a respeito do progresso de um grupo, foi utilizada a Teoria das Necessidades Interpessoais, de William Schutz, como alicerce teórico para relacionar as necessidades interpessoais que ocorrem durante o desenvolvimento em grupo e as ações adequadas durante o processo de treinamento.

Figura 1 Excelentes tecnologias e um bom consultor não são suficientes para um treinamento efetivo em grupo.

Hoje, temos acesso às diferentes mídias e excelentes recursos tecnológicos em treinamento, mas somente isso não basta para quem conduz o grupo como facilitador ou mesmo como gestor.

William Schutz e a Teoria das Necessidades Interpessoais

O processo de desenvolvimento de grupos tem sido objeto de estudo de diversas teorias no âmbito da Dinâmica de Grupo, tendo como foco principal os comportamentos observados na inter-relação de seus participantes nesse contexto.

Trazendo esses estudos para o universo corporativo, acreditamos que, para que o facilitador consiga lidar de forma eficiente com os fenômenos que nascem da sinergia de uma turma em treinamento, ou mesmo de uma equipe, é necessário conhecer a trajetória observada por autores na área da psicologia social.

Portanto, quanto maior for a consciência do instrutor/facilitador com relação ao funcionamento e desenvolvimento do processo em grupo de sua turma – considerando as necessidades interpessoais – mais segurança terá ao levantar questões que incentivem os participantes na busca de soluções para as suas dificuldades.

Conforme abordado na introdução, pretendemos aqui aprofundar o conhecimento sobre a Teoria das Necessidades Interpessoais de William Schutz, uma valiosa ferramenta que possibilitará ao educador planejar melhor seus cursos, assim como tomar decisões mais acertadas com relação ao uso dos recursos de que dispõe.

Schutz defende que todos os integrantes de um grupo vivenciam necessidades interpessoais que precisam ser satisfeitas para que ocorra a evolução do relacionamento intergrupal.

Tais necessidades apresentam-se obedecendo à seguinte sequência: fase de Inclusão (I), fase de Controle (C) e fase de Abertura (A). Segundo Schutz, essa ordem não é rígida, mas a natureza da vida em grupo é tal que as pessoas tendem, primeiro, a determinar se querem ou não ficar em um grupo, depois determinam que grau de influência irão exercer e, finalmente, decidem quão pessoalmente próximas se tornarão.

Assim, na primeira fase, as pessoas desejam se conhecer, ser acolhidas e respeitadas em suas individualidades.

Neste momento, a grande questão a ser respondida por cada um é: quero ou não pertencer a este grupo? O indivíduo sonda, por meio das primeiras trocas de informações, em que nível se identifica com os outros participantes e vice-versa. Apesar de tais mensagens serem superficiais – perguntas sobre o tempo, naturalidade, escolaridade, hobbies etc. – é por meio delas que se iniciam os relacionamentos no começo da formação do grupo.

Segundo Schutz, “Embora a discussão destes tópicos seja frequentemente inoperante quanto ao seu conteúdo, por meio dela é que os participantes em geral passam a se conhecer”.

Na fase de Controle, com o grupo já formado, começam os duelos por poder, liderança e influência. Aqui, o maior questionamento a ser respondido por cada um é: quero ser líder ou liderado? Cada participante busca estabelecer no grupo o grau de influência e poderou de obediência e dependência – que assumirá segundo a sua conveniência.

De acordo com Schutz, durante o estágio do controle, o comportamento grupal característico inclui a luta pela liderança e também a competição. Enquanto membro do grupo, neste momento, minhas ansiedades básicas centralizam-se em ter responsabilidade de mais ou de menos, e em ter muita ou pouca influência. Tento me estabelecer no grupo de tal modo que venha a ter a quantidade de poder e de dependência que me for mais conveniente.

Já na última fase – Aberturaos relacionamentos já estão definidos, com base nas trocas afetivas que surgiram da interação vivenciada pelos participantes. Nesse estágio, a pergunta de maior importância é: até onde desejo ser próximo ou estar distante dos outros indivíduos do meu grupo (e vice-versa)? Ou seja, cada integrante busca o equilíbrio entre ser próximo o suficiente para ser querido sem ser intimista demais, e estar distante sem rejeitar ou ser rejeitado.

Nesta fase, de acordo com Schutz, a conduta do integrante do grupo é: estou me esforçando para obter uma troca afetiva cuja intensidade pareça satisfatória e a posição mais agradável no que diz respeito a iniciar uma relação afetiva e a receber afeto.

Figura 1.1 Em uma relação interpessoal saudável dentro das organizações, temos como construir uma troca afetiva satisfatória.

Schultz também teoriza a respeito do procedimento de separação dos participantes, que coincide com o fim das relações em grupo. No contexto organizacional, este momento deverá surgir com a aproximação do término do treinamento.

Em algumas ocasiões o grupo se dissolve antes da chegada à fase de Inclusão. Dentro do espaço organizacional, este fenômeno pode ser ilustrado com uma situação de greve, ou um grupo que se desfaz por reorganização de departamentos, por exemplo, o que abalará os laços ainda muito vulneráveis, recém-estabelecidos pelos participantes.

Se a ruptura do processo grupal acontecer na fase de Controle, com disputas e confrontos ainda não resolvidos entre os participantes, muitos problemas surgirão e aumentarão as insatisfações dentro do grupo e entre seus componentes.

Entretanto, se o rompimento ocorrer na fase de Abertura, momento em que os participantes já têm relações afetivas bem definidas, eles se encontrarão em outros locais.

Finalizando, o conhecimento da Teoria das Necessidades Interpessoais de William Schutz pode ser um excelente alicerce para que os profissionais de T&D entendam melhor os fenômenos de formação de grupos.

Cientes deste percurso, estes profissionais estarão mais seguros para elegerem quando e quais tecnologias de comunicação e informação usar, sempre objetivando atender às questões envolvidas no processo de treinamento.

A Fellipelli acredita que num cenário de colaboração, confiança e de respeito, os colaboradores podem oferecer o que tem de melhor. Por isso, disponibiliza a ferramenta chamada Certificação em Relacionamentos Interpessoais com FIRO B™.

Este instrumento, baseado na Teoria de Schultz, tem auxiliado empresas e pessoas de todo o mundo no desenvolvimento de suas lideranças e equipes. Ele aprofunda e facilita a compreensão das necessidades de inclusão, controle e afeição que podem determinar os modos como uma pessoa interage com outros no ambiente profissional ou em sua vida pessoal.

Neisa Cunha – Doutoranda em Administração, Mestre em Psicologia Social, Psicóloga.
Terapeuta com formação em Psicodrama, didata em Dinâmica de Grupo. Certificou-se em Educação para Adultos, na University of Central Florida.

Fontes: Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento.

Tema: Firo-B™
Subtema: Facilitando a compreensão da interação em grupo com Firo-B™
Objetivo: Desenvolvimento de Equipe, Desenvolvimento de Liderança, Relacionamento Interpessoal, Coaching nas Empresas.

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