Assertividade e Inteligência Emocional25 min de leitura

Quanto mais discussões você vencer, menos amigos você terá”.

– Provérbio de autoria desconhecida, mas totalmente preciso.

[member_first_name] A Assertividade compreende três componentes básicos:

  1. A habilidade em expressar sentimentos (por exemplo, aceitar e expressar raiva, cordialidade e desejos sexuais).
  2. A habilidade em expressar crenças e pensamentos de forma aberta (ser apto a dar opiniões, discordar e tomar uma posição definitiva, mesmo isto sendo emocionalmente difícil e mesmo que tenha algo a perder).
  3. A habilidade em se impor por direitos pessoais (não permitir que as pessoas incomodem você ou que tirem vantagem de você). As pessoas assertivas não são supercontroladas ou tímidas – elas são capazes de expressar seus sentimentos e crenças (frequentemente, de modo direto) e o fazem sem ser agressivas ou insultantes.
Figura 1 A dificuldade de se expressar pode levar a um não reconhecimento ou frustração profissional.
Figura 1 A dificuldade de se expressar pode levar a um não reconhecimento ou frustração profissional.

Juanita era uma jovem e brilhante assistente de marketing em uma grande agência de publicidade. Ela se destacou em todas as matérias durante o Ensino Médio e a Faculdade, sempre estando no top 10 da turma. Tinha um olhar aguçado e era perspicaz. Ela ficou devastada, no entanto, quando após seu primeiro ano em uma agência conhecida em Nova Iorque, ela não era uma das que estavam prestes a receber uma promoção. Embora trabalhasse duro e seu trabalho era de alta qualidade, outras pessoas sempre a enxergavam com alguém nos bastidores. Não sendo exatamente uma pessoa extrovertida, Juanita preferia realizar seu trabalho de forma silenciosa, organizada e eficiente. Tinha como virtude a modéstia e nunca sairia por aí fazendo alarde de suas conquistas. Nas reuniões, ela ouvia cuidadosamente, mas não contribuía de forma ativa com as discussões. Mesmo quando grandes ideias surgiam, costumava guardar para depois, organizando-as com calma em seu computador. Mas ela reparou que essas pessoas que falavam durante as reuniões, tendo ideias abalizadas ou não, eram as pessoas que galgavam posições mais rapidamente na empresa. Finalmente, quando descobriu que sua introversão estava lhe prejudicando, decidiu se inscrever em uma palestra sobre assertividade.

Juanita aprendeu a ensaiar suas habilidades assertivas que precisava para apresentar suas visões a um grupo. O primeiro problema era a sua ansiedade. Ela aprendeu a respirar fundo várias vezes, o que lhe permitia ter foco. Visualizava cenários para que pudesse praticar suas conversas. Ensaiava abordagens diferentes, a fim de pensar o máximo de caminhos para lidar com qualquer oposição às suas visões.

Uma semana depois do término da palestra, Juanita participou de uma reunião estratégica para decidir se um script de um comercial de TV para um de seus maiores clientes, que estava sob revisão, estava focado na mensagem-chave direcionada a seus consumidores. Juanita sabia de cara que a mensagem não estava encaixada com a jovem audiência que seu cliente tinha como alvo. Após uma pausa na discussão, Juanita interveio: “Podemos voltar um pouco? Se não se importarem, quero mencionar algo que nosso cliente destacou na nossa primeira reunião de desenvolvimento. Eles querem uma campanha que fale diretamente aos jovens. Esse script vai além do nosso público-alvo”.

Ela apresentou dois exemplos específicos de como eles deixavam passar o objetivo do cliente. Havia algumas pessoas com objeções em relação à sua perspectiva, mas levando em consideração todas as suas críticas. Ao apresentar seu caso bem pensado, com a combinação exata de razão e emoção, ela convenceu a equipe de que estava certa. Em seguida, ela disse quais elementos dessa nova campanha deveriam atingir as necessidades dos clientes.

Não foi fácil para Juanita falar “publicamente” em uma reunião. O “não falar” em público até então tinha omitido uma de suas habilidades que a levaria a ser reconhecida pelo seu trabalho. Agora, após um ano e meio no emprego, ela finalmente estava sendo notada. Passou a ter o reconhecimento que merecia, e logo depois conseguiu a promoção que tanto desejava. Essa nova assertividade teve um papel importante no sucesso crescente de Juanita. Além disso, ela tinha mais capacidade de lidar com situações em grupo do que em outras áreas da sua vida.

 

O que se quer dizer com Assertividade?

A assertividade nem sempre é bem compreendida. Isso é irônico, pois a assertividade envolve a habilidade de se comunicar especialmente de forma clara e de forma inequívoca, e, ao mesmo tempo, ser sensível às necessidades dos outros e suas respostas a um conflito específico.

Um estudo muito interessante feito em 1999 chamou a atenção da mídia. Descobrimos, baseados na aplicação do EQ-i em 4.000 pessoas, que americanos marcaram mais pontos do que os canadenses em várias áreas, especialmente em Teste de Realidade, Felicidade, Otimismo e Assertividade. Com esse último fator, queríamos dizer que os canadenses pesquisados eram mais reticentes, mais propensos a solucionar algo da forma mais educada possível, deixando de expressar o que queriam e por quê. Mas o comentário foi surpreendente. Quando fomos entrevistados no rádio e na TV, muitos dos apresentadores e ouvintes acharam que nós estávamos sugerindo que os canadenses deveriam ser mais parecidos com os vizinhos do sul. A última coisa que eles queriam no mundo era parecer tão espalhafatosos e insistentes como os americanos deveriam parecer.

Bom, não é bem isso o que queríamos dizer sobre Assertividade. De acordo com as nossas descobertas, os canadenses, de fato, tendem a ser mais passivos e – uma palavra-chave – indiretos, ao lidarem com os outros. Os americanos vão direto ao ponto, sem rodeios. Mas a distinção é grande e não sucinta. Na verdade, não há um único modo de ser assertivo. Dentro da definição de assertividade, há variações para interpretação. Cada um tem o seu próprio estilo. Você pode ser bem humorado ou sério, conciso ou eloquente. Não somos todos iguais, e a ideia não é a de se usar a inteligência emocional como uma única solução para transformar americanos e canadenses ou qualquer pessoa em clones.

A habilidade de agir com o grau certo de Assertividade divide-se em 3 modos. Primeiro, você deve ter Autoconhecimento o suficiente para ser capaz de reconhecer os sentimentos antes de expressá-los. Segundo, você deve ter Controle dos Impulsos e Expressão Emocional o suficiente para expressar reprovação e até mesmo raiva (quando um grau de raiva se faz necessário) sem deixar que isso se torne fúria, e para expressar uma gama de desejos de modo e intensidade apropriados. Por fim, você deve impor seus próprios direitos, causas e crenças. Isso significa ser capaz de discordar de outros sem fazer uso de uma sabotagem ou evasão emocional, e ser capaz de andar em uma linha tênue, defendendo seus desejos enquanto, ao mesmo tempo, respeita o ponto de vista do outro e sendo sensível às suas necessidades.

Isso frequentemente resulta em um acordo construtivo – conhecido também como uma situação “ganha-ganha”, pois os laços de um relacionamento são fortalecidos quando ambas as partes mostram consideração, ambas são bem mais propensas a sair de uma discussão com suas necessidades parcialmente preenchidas.

Aliás, como parte de nosso trabalho com o EQ-i® 2.0, nós reexaminamos as diferenças de inteligência emocional entre americanos e canadenses. Dessa vez, baseados em uma pesquisa com 6.000 pessoas em 2010, descobrimos que houve mudanças desde a nossa primeira coleta de dados em 1997. Os canadenses agora estão bem equivalentes com seus vizinhos americanos, mas houve algumas diferenças. Os americanos tem mais Controle dos Impulsos que os canadenses, mas estes são um pouco mais flexíveis. Eles também parecem ser um pouco melhores no Gerenciamento do Estresse.

 

Assertividade não é Agressividade

Um erro muito comum é o de confundir um comportamento assertivo com uma conduta agressiva. De fato, esse é o motivo pelo qual algumas pessoas deixam de lado a ideia de serem assertivas. Para elas, isso significa agressão; eles temem que irão ofender os outros, ou que não serão benquistas. Não é bem por aí.

A Assertividade é caracterizada por uma constatação clara das crenças/sentimentos de alguém, acompanhada de uma consideração das ideias e sentimentos dos outros.

Sem essa consideração, certamente a Assertividade se torna agressão, como podemos ver nos exemplos abaixo:

Allen queria reforçar seu relacionamento de trabalho com Marvin, um novo colega de trabalho. Ele está ciente de que Marvin conhece poucas pessoas na cidade, tendo mudado há apenas 3 semanas. Ele gostaria de convidá-lo a jantar, mas sabe que Rita, sua esposa, pode não estar preparada para acomodá-lo em tão pouco tempo. Então, ele liga para casa:

Allen: “Rita, estou tomando uma cerveja com Marvin, um colega que acabou de chegar no escritório. Ele está na cidade há apenas algumas semanas e não conhece ninguém. Eu pensei que seria legal convidá-lo para jantar conosco. Pode ser?”

Rita: “Que horas são? 5h da tarde? Realmente você me deixou sem tempo. Não seria melhor trazê-lo outra hora?”

Allen: “Acho que sim. Mas parece que ele está sem nada pra fazer. Olha, eu sei que é um pouco tarde, mas temos algumas carnes no freezer, e eu posso comprar um pouco de salada e sobremesa na volta. Certamente podemos ficar aqui um pouco mais, talvez jogar uma sinuca antes de irmos. Posso fazer hora até… mais ou menos umas 7h ou 8h. Isso pode te dar mais tempo para descansar e deixar tudo pronto. O que me diz?”

Rita: “Está bem! Te vejo às 8h então.”

Este simples exemplo ilustra a Assertividade de modo excelente. Allen é claro em seu desejo: convidar Marvin para o jantar. Ele explica o pouco tempo que teve de avisar – “ele é novo na cidade e não tem nada para fazer”. Ele sabe que sua esposa precisa de um momento para descansar, não ter mais trabalho ainda, dando a ela um nível de hospitalidade da qual ficaria orgulhosa. Ele trata suas preocupações lançando mão de uma salada e sobremesa, para que ela tenha tempo de preparar tudo em um ritmo razoável.

Mas vamos voltar atrás nesse cenário para ver o que aconteceria se Allen se comportasse de modo agressivo em vez de assertivo.

Figura 1.1 Representação de uma comunicação assertiva.
Figura 1.1 Representação de uma comunicação assertiva.

Enquanto as pessoas assertivas articulam e defendem claramente seus desejos, elas também consideram a posição e o sentimento do outro.

Este último ponto separa a assertividade da agressividade. As pessoas agressivas não respeitam o ponto de vista do outro, tampouco consideram os sentimentos ou pensamentos. Elas forçam suas visões e desejos através da intimidação e manipulação. A agressividade não dá espaço para acordos; ao contrário, ela é uma via de mão única – uma expressão constante do que a pessoa quer e uma tentativa simultânea em forçar a aceitação dos outros.

Às vezes, a agressividade é fácil de ser notada – a pessoa entra de sola. Mas, às vezes, os agressores, estranhamente, são indiretos em expressar seus desejos, como se precisassem conhecer os meandros antes de dizerem o que querem. Isso, muitas vezes, faz com que os atingidos pensem que há uma intenção por trás. Sabemos que estão sendo rudes, desagradáveis e dominantes, mas não sabemos exatamente o que eles querem.

Em todo caso, as pessoas agressivas oferecem pouca coisa ou nada em troca pela satisfação de sua intenção. Com o tempo, os outros reagem com desconfiança e raiva. Eles buscam retaliar enfraquecendo o agressor ou procurando por caminhos para se vingar. Ou o mais comum, que é apenas evitar qualquer interação. Como resultado, as pessoas agressivas tendem a se isolar, alienam-se, sem ninguém por perto e desprovidas de suporte – tudo isso alimenta sua agressividade ou as leva a ter comportamentos mais diferentes ainda.

Se Allen tivesse agido mais agressivamente, a conversa com Rita teria se desdobrado de outra forma:

Allen: Oi, amor. Como foi o dia?

Rita: Não foi ruim.

Allen: Bem, pensei em te ligar para saber como estão as coisas, como você está.

Rita: Ah, que lindo!

Allen: Olha, tenho um novo colega no trabalho e acho que seria legal convidá-lo para jantar. Ele acabou de chegar à cidade e não conhece ninguém, e isso me ajudaria a solidificar minha relação com ele.

Rita: Ih, amor, tá muito em cima da hora.

Allen: Ah, não se preocupe. Seu dia foi bem tranquilo e temos carne no freezer.

Rita: Sim, mas eu queria deixar a casa em ordem e me arrumar, Allen.

Allen: Você está sempre arrumada. E não se preocupe com a casa, está ótima. Você sempre se preocupa demais com o chão sempre limpo, apenas relaxe.

Rita: Acho que não está sendo justo, Allen.

Allen: Claro que estou sendo justo. Como assim eu não estou sendo justo? Você que não está. Eu trabalho duro o dia todo, como sempre. Você teve um dia tranquilo. Está apresentável, a casa está em ordem – você se preocupa demais. Tudo que tem de fazer é cuidar das carnes, eu mesmo faço o churrasco. Se acha tão injusto, por que não sai de casa e procura um emprego enquanto eu fico em casa arrumando as coisas e me deixando apresentável?

Allen eventualmente se virou se valendo da intimidação, com completa falta de consideração com os sentimentos de Rita. Ele “manobrou” Rita dentro de um comentário geral que poderia usar para reforçar sua própria posição – a ideia de que ela teve um dia tranquilo. Depois, aproveitou para avisar que levaria Marvin para o jantar, enquanto desconsiderava todas as preocupações de Rita. Finalmente, ele atacou sua autoestima, brincando com seu sentimento de culpa que poderia sentir a respeito de seu papel como dona de casa, posicionando-se como o “vencedor”. Embora tenha vencido a batalha, Allen provavelmente perderia a guerra pois por conta de sua investida intimidadora em cima das necessidades de sua esposa, isso poderia fazer com que ela se sentisse desmoralizada e alienada, enfraquecendo qualquer senso de colaboração no relacionamento dos dois.

 

Usando a Assertividade no trabalho

A agressividade é uma prática muito comum e corrosiva no local de trabalho. Considere a seguinte interação entre Daniel, o vice-presidente e Marla, uma das duas pessoas que recentemente passaram a reportar a Daniel.

Daniel: Marla, acabei de receber esse e-mail do VP Sênior que precisa daquela informação que conversamos até sexta e não segunda. Isso quer dizer que você terá que compilar todos esses números hoje à noite para que possamos estar com isso pronto.

Marla: Hoje à noite!? Mas hoje faço 10 anos de casada! Planejei há semanas sair para jantar e assistir a uma peça, e eu…

Daniel: Marla, você não está ouvindo. Isso precisa estar pronto. Eu preciso disso pronto. Só lamento pelo seu aniversário de casamento. Às vezes, a vida é injusta.

Marla: Mas não há outra…

Daniel: Não me diga que há outra forma porque não há. Precisa ser feito para amanhã. Isso quer dizer que tem que estar pronto para amanhã.

Marla: Mas –

Daniel: Sem essa de “mas”! Você está aqui há quanto tempo? Dois meses? Eu estou aqui há 5 anos e deixe-me contar mais uma coisa: eu sou o chefe, você é a subordinada. O que falo, vale. Cancele seus planos, comemore outro dia e deixe isso tudo pronto. Fui claro?

Marla obedeceu a ordem. Mas ouvir tanta coisa negativa deixou um gosto amargo nela. Embora continuasse a obedecer às demandas de Daniel, ela viu-se guardando para si informações importantes com frequência, não se esforçando muito por ele, e no longo prazo, tendo um papel sutil, assegurando que ele não ia se sair bem diante de seus superiores.

A agressividade de Daniel fez com que ele perdesse seu importante suporte – Marla – ao lidar com o outro chefe do departamento, Steve. Marla fez com que Steve soubesse do comportamento humilhante de Daniel, e eles procuraram deter Daniel de modo mais sutis ainda. Vamos ver como seria este cenário se Daniel tivesse sido assertivo:

Daniel: Marla, acabei de receber esse e-mail do VP Sênior que precisa daquela informação que nós conversamos até sexta e não segunda. Isso quer dizer que você terá que compilar todos esses números hoje à noite para que possamos estar com isso pronto.

Marla: Hoje à noite!? Mas hoje faço 10 anos de casada! Planejei há semanas sair para jantar e assistir a uma peça, e eu…

Daniel: Opa, parece que essa tarefa veio numa hora errada.

Marla: Sim, estamos planejando isso há semanas e realmente estamos ansiosos por esse momento.

Daniel: Bem, temos que deixar isso pronto nessa sexta; Segunda será tarde demais pois o cliente precisa disso. Então, tendo isso em vista, como acha que podemos lidar com a situação?

Marla: Olha, não sei. Espera, você disse que recebeu um e-mail do seu VP Sênior. Será que você conseguiria falar com ele para deixar as coisas esclarecidas? Talvez haja espaço para negociar e ele concordar em liberar para a segunda-feira, caso o cliente possa aguardar até terça. Consegue fazer isso?

Daniel: É uma boa ideia. Claro, vou ver isso e se der certo, ótimo. Mas precisamos ter um plano B para isso também. Se isso tiver que estar pronto amanhã – e é provável que aconteça – como você vai lidar com isso? E seu marido? Que vai ficar igualmente desapontado?

Marla: Eu não sei… Bom, nosso aniversário de casamento é no domingo, na verdade, mas iríamos comemorar hoje à noite. Acho que nós podemos ver se há como trocar a data da reserva no restaurante, mas quanto ao teatro, acho que vai ser impossível.

Daniel: Se você puder ver as reservas do restaurante, vejo o que posso fazer em relação ao teatro. Sempre temos entradas à mão para algumas das peças mais populares. E se eu não conseguir para o sábado, verei o que posso fazer para o final de semana seguinte.

Marla: Obrigado por ser tão compreensivo. Eu sei que terminar esse trabalho é importante pra você. Também é importante pra mim.

Neste cenário, Daniel continua mantendo seu posicionamento, mas é solidário ao desapontamento de Marla, convidando-a para pensar em alternativas de resolver este dilema, aceitando um dos caminhos, mesmo indicando de modo realista que talvez nada disso funcione e que eles ainda precisam focar para realizar o trabalho. Marla abre-se para pensar em outro dia para comemoração e Daniel oferece ajuda cuidando das entradas.

Esta interação faz com que Marla se sinta bastante positiva, mesmo tendo o trabalho de compilar tudo na quinta-feira. A razão para ela se sentir tão bem assim é que Daniel foi claro sobre a importância de ter este trabalho feito, mas também ele a ouviu, fez com que ela se sentisse ouvida, compreendida, respeitada. Ele não foi intimidador ou exigente, mas a chamou para ser parte da solução, não usando a sua autoridade para intimida-la ou diminuí-la.

Ultrapassando a Passividade e o Comportamento Passivo-Agressivo, a Assertividade é frequentemente caracterizada como sendo a linha tênue entre a passividade e a agressividade.

As pessoas passivas têm dificuldades em se expressar aos outros. Elas guardam tudo e evitam lidar com situações desconfortáveis; esperam que os outros vão até elas com tudo entregue de bandeja. (Mas, já que elas não se comunicam ou não conseguem comunicar o que querem, os outros provavelmente não promoverão tal coisa, tampouco ajudarão nesta obtenção). Por conta disso, elas perdem inúmeras oportunidades na vida, enquanto os outros se aproveitam das mesmas. Elas, frequentemente, se sentem como se fossem um capacho, sempre sendo pisadas. Algumas dessas pessoas apenas relaxam e aceitam, não se importando com o que se tornou a ordem natural das coisas.

Outros, no entanto, são chamados de passivos-agressivos. Eles podem até parecer que vão “na onda” sem reclamação, mas no fundo estão cheios de ressentimento sobre o fato ou a suspeita de que os outros constantemente exploram sua boa natureza. Em vez de falar ou confrontar a questão de modo honesto, eles reprimem a raiva, mas apenas por um curto período de tempo. Geralmente depois, quando menos se espera, eles surtam, algumas vezes de modo inconsequente.

A agressividade passiva pode se manifestar em diversas formas. Às vezes é tão simples quanto não responder aos pedidos e expectativas, como o marido que concorda em levar o lixo para fora depois dos comercias num tom de voz alto. Claro, o caminhão de lixo vai e vem e o marido continua com sua tarefa inativa em ficar diante da TV, ouvindo as reclamações constantes de sua esposa.

A passividade e a passividade agressiva são padrões de comportamento de longo prazo, e são difíceis de se quebrar. Na esperança de fazer isso acontecer, durante os anos 50, o Dr. Albert Ellis desenvolveu sua Terapia Racional Emotiva Comportamental.

Há muitos anos, Steven Stein teve a oportunidade de participar do Programa de Parceria Associada que Ellis comandou em seu instituto em Nova Iorque. Uma das tarefas incluía um exercício criado para ensinar as pessoas a ultrapassarem a passividade ou a passividade agressiva, enquanto falta de Assertividade.

Pediu-se a cada participante que descrevesse alguma coisa que tinha medo de fazer em público, com a única condição dessa atividade não ser nada ilegal, antiético ou que levassem a um risco à integridade física. Na verdade, a maioria das atividades envolvia medos sem base – a ideia de que, se essas coisas fossem feitas, outras pessoas poderiam pensar que o participante era tolo.

O exercício exigia que cada pessoa fizesse esta atividade. Uma mulher temeu a ideia de andar de metrô enquanto era vista pelos outros. Sua tarefa era de não apenas embarcar no trem, mas falar em voz alta o nome de cada estação onde o trem parava.

No final do dia, ela poderia facilmente ser contratada como condutora do trem.

Outro participante era um homem jovem (vamos chamá-lo de Stanley) que deveria pesar pelo menos 140 kg e tinha uns 1,95m de altura. Ele era um psicólogo de sucesso, mas tinha um medo secreto. Para ser mais exato, quando recebia na mesa de um restaurante uma comida qualquer, que não estivesse bem preparada, era incapaz de reportar o problema para o garçom; ele preferia comer algo cru ou muito passado do que pedir para que seu prato fosse retirado. Pode-se imaginar facilmente qual era a sua tarefa.

Em um domingo à tarde, muitos de nós acompanhamos Stanley em um restaurante chinês próximo. O garçom media 1,50m de altura e pesava uns 56 kg e Stanley mal conseguia olhar para ele. Quando a sopa chegou, Stanley começou a devorar a sopa na esperança de terminar antes que o garçom chegasse. Sem sorte. Stanley estava completamente aflito; seu rosto estava vermelho e suas mãos tremiam. Sua ansiedade, digna de se fazer uma brincadeira, era muito real. Finalmente, juntando todo e qualquer quilo de coragem que conseguia, ele pediu em um tom de voz baixíssimo que a sopa deveria voltar. Claro, o garçom retirou o prato educadamente e Stanley relaxou. Ele admitiu que um peso tremendo tinha acabado de sair de suas costas.

A experiência de Stanley demonstra que não importa o quão grande você seja fisicamente, ou quanto poder você pode ter dentro de uma interação social; a habilidade em ser Assertivo é um estado mental, uma habilidade que deve ser lapidada com a prática.

 

Assertividade Indireta

Há vezes em que o impacto de uma voz alta tem em cima dos outros que estão inseridos em uma interação social exige que a Assertividade seja colocada no “mudo”. Victoria, que foi convidada a um jantar na casa de pessoas desconhecidas, viu-se sentada ao lado de um homem chamado Charles, uma companhia eloquente e agradável. Ele tinha um trato com as palavras e divertia a mesa com suas histórias das viagens que fez pelo mundo como gerente de vendas de uma firma de softwares. Mas havia um lado desagradável de Charles, que fazia piadas sobre negros, judeus e asiáticos.

Victoria estava se sentindo bastante desconfortável; ela achava o humor cruel e humilhante. Mas era convidada na casa de alguém, e o anfitrião parecia divertir-se com a conversa.

Ela considerou ignorar Charles, na esperança de mudar de assunto, mas logo tornou-se claro que ele não iria mudar de assunto. Se os dois estivessem sozinhos ou estivessem entre estranhos, ela teria dito seus desejos claramente: “Não gosto de comentários racistas. Pare, por favor!” No entanto, ela era uma convidada, não conhecia bem os anfitriões e não desejava envergonhá-los e nem os outros convidados. Seu senso forte de Teste de Realidade permitiu que ela lesse a complexidade política da situação. Ela decidiu expressar seus sentimentos de modo indireto, evitando causar constrangimento ou tensão na festa, mas indo direto ao ponto.

“Charles”, disse ela, “você conhece alguma piada de advogado ou de vendedores? Queria que eles fossem o motivo de piadas agora”. Todos riam e Charles pareceu entender o recado: ele contou uma piada leve e inofensiva sobre vendedores.

A festa continuou e Victoria sentiu-se bem sobre a posição que havia tomado. Ela sabia que iria se censurar se não tivesse falado nada, e estava satisfeita descobrindo uma posição entre o silêncio passivo e a assertividade clara, a qual poderia ofender seus anfitriões.

Muito se fez ultimamente sobre as virtudes de manter sua posição, de ganhar autoestima recusando em deixar os outros atrapalharem seus sentimentos legítimos. É justo – mas frequentemente, a forma com a qual nós expressamos essa confiança ativa um novo conjunto de dificuldades em nossos relacionamentos.

Fazer com que suas visões sejam conhecidas ou obter o que você pessoalmente deseja, forma apenas a metade da figura. Focar apenas neste componente é ser agressivo.

Ter em mente os desejos dos outros enquanto tenta conseguir seus próprios desejos por meios legítimos é ser assertivo.

 

Os Benefícios da Assertividade

Há muito pouco a se ganhar sendo passivo. As pessoas passivas falham em mostrar seus desejos – ou, se tentarem, elas se refugiam de modo ambíguo e obscuro. Elas tendem a “dar para trás”, se escondem e concordam com as posições dos outros. Como resultado, elas se sentem constantemente infelizes e derrotadas.

O comportamento passivo-agressivo também não é nada bom. É como se fosse uma pilha de trapos sujos de óleo perto do aquecedor, pronta para entrar em combustão espontânea. As pessoas que se comportam dessa forma parecem ser fáceis de influenciar, mas são propensas a chocar e tendem a alimentar um sentimento de vingança por muito tempo. Mais tarde, explodem repentinamente de modo que – por terem guardado essa mágoa por tanto tempo – são bastante inconstantes.

A agressividade é uma rua sem saída; nunca vai além daquilo. Por uma coisa, a personalidade agressiva e movida à raiva está sob estresse autoinflingido de modo constante.

Este é um estado de corpo e mente bastante desagradável, o que leva as pessoas a serem sempre argumentativas, procurando por uma briga. Também, não é possível saber quando alguém maior, com um tom de voz mais alto e mais intrometido que você pode entrar em cena. Pior ainda, você nunca saberá como seus modos agressivos irão atingir você, muito sinceramente.

Vários estudos recentes mostram o papel significativo que a hostilidade, raiva e agressividade têm ao prever doenças do coração mesmo quando comparadas com estresse, níveis de colesterol, nutrição, exercícios físicos e outros fatores.

A Assertividade, no entanto, é repleta de benefícios. É libertadora, como muitas pessoas com personalidade passiva já descobriram. Abre muitas possibilidades novas e de fato nós “conquistamos amigos e influenciamos pessoas”, levando você a um contato mais próximo e honesto com aqueles que você conhece. Essa é uma das distinções-chave entre Assertividade e agressividade.

Quando você é assertivo, mesmo em uma situação complicada ou desagradável, a outra pessoa se sente respeitada e considerada.

Comporte-se de modo agressivo e ela irá reagir com raiva ou ficará na defensiva, burlando você. Ser assertivo significa ter em mente as outras pessoas e suas reações. Contato visual, expressão corporal, tom de voz e a escolha das palavras são todas as coisas importantes, junto com um grau de tato que, se dominado, pode levar você à diplomacia rapidamente.

 

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Referência: Capítulo 8 do livro The EQ Edge: Emotional Intelligence and Your Success, Steven J. Stein, Howard E. Book.

Traduzido, revisado e adaptado por Fellipelli Consultoria Organizacional.

Tema: Inteligência Emocional, EQ-i® 2.0.

Objetivo: Autoconhecimento, Autodesenvolvimento, Coaching, Coaching nas Empresas, Assessment.

 

Este conteúdo é de propriedade da Fellipelli Consultoria Organizacional. Sua reprodução; a criação e reprodução de obras derivadas – a transformação e a adequação da obra original a um novo contexto de uso; a distribuição de cópias ou gravações da obra, na íntegra ou derivada -, sendo sempre obrigatória a menção ao seu autor/criador original.


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