Diversidade nas organizações, o tema da vez!
O atual contexto vivenciado pelas organizações vem assustando a liderança das empresas. E não digo isto apenas por causa da grande crise político-econômica que o Brasil enfrenta, mas sim pela mudança na dinâmica do mercado. Há dez anos, poucos tinham ouvido falar de uma tal Geração Y, a economia global estava em franca expansão, as redes sociais eram incipientes e a tecnologia era muito distante da atual (afinal de contas, 10 anos é muito quando este é o assunto, não existia smartphones, “cloud”, o mundo não era touch, ainda existia internet discada, e tantas outras coisas).
Grande parte das organizações, principalmente as de setores tradicionais, foi concebida, cresceu e sobreviveu num contexto que possuía um ritmo muito diferente do atual. Bastava ter uma equipe comprometida e focada que o resultado viria automaticamente. Sucesso era sinônimo de uma boa gestão operacional e financeira. Todos sabiam que as pessoas são importantes e que as empresas são feitas por elas, mas era uma preocupação deixada para o segundo plano, pois em time que está ganhando não se mexe e se o foco na execução traz resultado, por que fazer diferente?
Podemos observar que a dinâmica mercado mudou. E isto não devia ser surpresa para ninguém, pois temas como competitividade, tecnologia e globalização fazem parte do nosso cotidiano desde o início da década de 90. Mas se o cenário vinha se desenhando há tanto tempo por que ninguém fez nada? Estudos envolvendo a neurociência demonstram que nosso cérebro tende a preservar o status quo, buscando mudar apenas quando realmente entendemos a importância disto. Talvez agora, tudo que há mais de duas décadas desejamos implementar sobre gestão de pessoas possa ser colocado em prática.
Uma das questões que mais venho percebendo no mercado é o tema da diversidade nas organizações. Mais do que a diferença de gênero, raça, social, etária, etc. observo cada vez mais a necessidade de ter pessoas que vejam o mundo de forma diferente. O contexto corporativo sempre foi muito pragmático, pessoas parecidas são mais fáceis de se alinhar e, logo, podem alcançar as metas com mais objetividade (aliás, além de ser um pensamento mais prático, pessoas com estas características naturais potencializavam as entregas). Conclusão, o mundo criou um perfil de organizações que consegue render muito bem em um contexto favorável, porém tem dificuldades em lidar com uma realidade volátil (principalmente quando ela é de longo prazo). Um dado interessante, quando olhamos a nossa base de dados do instrumento MBTI, observamos que 70% das pessoas, num total de mais de 100 mil respondentes, possuem um perfil com foco predominante na entrega do resultado.
Quando realizamos processos de Assessments observamos cada vez mais um interesse por parte dos nossos clientes no mapeamento dos perfis comportamentais do grupo. Projetos como estes permitem às organizações compreenderem como suas equipes estão compostas e, a partir daí, buscarem uma maior diversidade. Percebo que a questão da diversidade ainda é mais um desejo do que uma realidade, mas é um primeiro passo importante. Isto fica muito claro nas reuniões gerenciais de entrega de resultados nas quais os gestores percebem a falta de pessoas que tenham características diferentes. Muitas vezes, sentem-se pressionadas ao entenderem que determinados perfis podem ter maior facilidade para olhar o futuro e criar, porém terão maior dificuldade para lidar com tarefas rotineiras e estruturadas. Os mapas elaborados para estas entregas explicitam os gaps e permitem as organizações a definirem melhor a estratégia de sucessão, desenvolvimento e a contratação de executivos-chave.
Num mundo em que conseguir olhar a mesma questão por diversos ângulos é muito importante, ter pessoas com padrões comportamentais complementares é fundamental. Conscientizar-se da necessidade e aceitar a dificuldade de sair da zona de conforto mudando de um gestor que cobra resultados para um gestor que desenvolve e orquestra os seus diversos talentos é fundamental para a sobrevivência num contexto em que a única coisa que é certa é que ninguém pode ter certeza do amanhã.