Obtendo um maior entendimento dos modos operativos das pessoas com quem interagimos
Os objetivos fundamentais da identificação do tipo psicológico contemplam o desenvolvimento do ser, a partir do aprofundamento de seu autoconhecimento, e a melhoria de interação entre as pessoas, a partir do maior entendimento dos modos operativos dos outros.
A identificação do tipo psicológico possibilita uma melhor compreensão das características pessoais e suas implicações mais frequentemente associadas a cada tipo.
Características pessoais e implicações associadas ao Tipo Psicológico
Pontos fortes e comportamentos eficazes; pontos cegos, áreas potenciais para crescimento e barreiras potenciais à eficácia comportamental; como os outros o veem; modo de aprendizado; fatores motivacionais; carreiras profissionais, ambientes de trabalho, tarefas e papéis mais atraentes; estilo geral de trabalho; padrões de comunicação; atuação em grupo; relacionamento com mudanças; estilo geral de liderança; mentalidade empresarial; processo decisório; administração de conflitos; resolução de problemas; comportamentos relacionados ao estresse.
As preferências dos Tipos Psicológicos
A identificação do tipo psicológico caracteriza quatro preferências pessoais básicas. A intenção é apontar uma escolha habitual do indivíduo entre alternativas opostas (dicotomias), assumindo-se que este use ambos os polos de cada uma das quatro preferências, mas que responda primeiro ou mais frequentemente com as suas funções e atitudes preferenciais. Esse processo não se presta para avaliação de habilidades, estresse, inteligência, patologias psíquicas, emoções e maturidade.
Através da identificação do tipo psicológico a pessoa toma ciência das preferências de suas funções mentais relativas às formas de (1) Percepção dos estímulos externos que lhe chegam (Sensação ou Intuição – S ou N) e (2) Julgamento para tomar decisões (Pensamento ou Sentimento – T ou F), a partir desses estímulos.
A identificação do tipo psicológico também possibilita observar as atitudes preferenciais do indivíduo relativas a: (3) Direcionamento de energia vital (Extroversão ou Introversão – E ou I) e (4) Relacionamento com o mundo externo (Percepção ou Julgamento – P ou J).
Funções mentais
(1) Percepção:
Qual destas descrições parece ser mais natural e confortável para você?
Sensação (S): Presto atenção à realidade física, o que eu vejo, ouço, toco, saboreio e cheiro. Preocupo-me com o que é real, presente, atual. Observo atos e lembro-me de detalhes que são importantes para mim. Gosto de ver a aplicação prática das coisas e aprendo melhor quando vejo como usar o que estou aprendendo.
Intuição (N): Presto atenção às impressões ou ao significado e padrões da informação que me chega. Aprendo melhor pensando sobre o problema do que por experiência prática. Interesso-me por novas coisas e pelo que pode ser, de forma que penso mais sobre o futuro do que o passado. Gosto de trabalhar com símbolos ou teorias abstratas, mesmo que não saiba como as aplicarei. Lembro-me de eventos mais como impressão do que aconteceu do que dos fatos reais que ocorreram.
(2) Julgamento:
Qual destas descrições parece ser mais natural e confortável para você?
Pensamento (T): Quando decido, gosto de encontrar a verdade ou o princípio básico a ser usado como referência, independentemente da situação específica em questão. Gosto de analisar os prós e os contras e de, então, ser consistente e lógico no processo decisório. Tento ser impessoal, de forma que não deixo que meus desejos pessoais – ou de outros – me influenciem.
Sentimento (F): Acredito que posso decidir melhor ponderando aquilo com que as pessoas se importam e os seus pontos-de-vista. Preocupo-me com valores e com o que é melhor para as pessoas envolvidas. Gosto de optar pelo que estabelecerá ou manterá a harmonia. Em meus relacionamentos, pareço ser cuidadoso, caloroso e diplomático.
Atitudes
(3) Direcionamento de energia vital:
Qual destas descrições parece ser mais natural e confortável para você?
Extroversão (E): Sinto-me energizado por envolvimento ativo em eventos e diferentes atividades. Acho excitante estar junto a pessoas e aprecio estimular os outros. Gosto de entrar em ação e fazer coisas acontecer. Em geral sinto-me em casa no mundo. Muitas vezes entendo melhor um problema quando falo sobre ele e ouço o que os outros acham do mesmo.
Introversão (I): Sinto-me energizado ao lidar com ideias, imagens, memórias e reações alojadas no meu mundo interno. Muitas vezes prefiro fazer as coisas sozinho, ou junto a uma ou duas pessoas com as quais me sinto confortável. Despendo tempo refletindo para que tenha uma ideia clara do que fazer quando decidir agir. Ideias são quase coisas concretas para mim. Às vezes prefiro a ideia da coisa à coisa em si.
(4) Relacionamento com o mundo externo:
Qual destas descrições parece ser mais natural e confortável para você?
Percepção (P): Uso minha função mental de Percepção (Sensação ou Intuição) no meu mundo externo. Para os outros, pareço ter um estilo de vida flexível e espontâneo. Prefiro entender e adaptar-me ao mundo a tentar organizá-lo. Os outros me veem como uma pessoa aberta a novas experiências e informações.
Julgamento (J): Uso minha função mental de Julgamento (Pensamento ou Sentimento) no meu mundo externo. Para os outros, pareço ter um estilo de vida planejado ou disciplinado. Gosto de lidar com coisas estruturadas e organizadas. Sinto-me mais confortável quando decisões são tomadas e procuro ter a vida sob controle tanto quanto possível.
MBTI® e Tipos Psicológicos
Os dezesseis tipos psicológicos são denominados através das combinações de oito letras (E, I, S, N, F, T, P, J) designando quatro preferências individuais, as quais, quando observadas isoladamente, apresentam características comportamentais próprias que são moldadas quanto configuradas em conjunto. Em outras palavras, um tipo ISTJ não é simplesmente a “soma” das características dessas quatro letras consideradas per si, mas uma interação destas entre si.
Tendo em mente os objetivos fundamentais da identificação do tipo psicológico, podemos vislumbrar o vasto escopo de sua aplicabilidade, abrangendo, entre outros: Relacionamentos; Carreiras; Educação; Espiritualidade; Aconselhamento; Psicoterapia; Coaching; Processos Organizacionais (liderança, desenvolvimento de equipes, comportamento organizacional em geral).
O processo decisório eficaz
Adicionalmente ao escopo de amplo espectro apresentado da aplicabilidade do Tipo Psicológico, podemos utilizar o conhecimento dessas características dos modos operativos humanos também para questões essencialmente pragmáticas como, por exemplo, tomar decisões de maior relevância na rotina da vida privada ou profissional. Nessa situação específica, devemos fazer uso não somente das nossas preferências naturais (S ou N e T ou F) das funções mentais – que nos limitam a uma perspectiva parcial do problema – mas de todas as formas de Percepção (S e N) e de Julgamento (T e F).
Nesse contexto, objetivando incentivar o exercício de um processo decisório eficaz para as questões importantes que se nos apresentam, estruturamos a seguir um conjunto de reflexões que nos levam a explorar todas as perspectivas das funções mentais contempladas pelos tipos psicológicos, propiciando assim, através de um enfoque mais amplo do problema, uma decisão com maior probabilidade de acerto.
1- Sensação
Você usa a Sensação para determinar os fatos e os dados numa situação e encarar as realidades de qualquer problema que lhe seja colocado. Defina o problema, utilizando-se de sua percepção sensitiva para vê-lo de maneira realista. Evite pensamentos que envolvam desejos e responda:
- Quais são os fatos que descrevem a situação?
- Qual é exatamente a situação e o que o passado lhe diz a respeito?
- Que experiências relevantes de outras pessoas você pode apropriar?
- Quais são os detalhes importantes que devem ser focados?
- Quais são os recursos em geral que estão disponíveis?
- Como um observador imparcial olharia para esta situação específica?
2- Intuição
Você usa a Intuição para enxergar possibilidades numa situação e maneiras de mudá-la, bem como para observar significados e padrões em qualquer problema. Considere todas as possibilidades, utilizando a percepção intuitiva. Não deixe nenhuma possibilidade de fora, mesmo que a mesma pareça não ser prática (brainstorming) e responda:
- Quais são as implicações ou temas apresentados pelos dados?
- Há teorias ou ideias relevantes para auxiliar o seu entendimento?
- Qual é o quadro geral da situação (“visão de floresta”)?
- Quais são as possibilidades ou opções para o que deve ser feito?
- De que outras formas (não convencionais) você poderia vislumbrar outras possibilidades ou opções? Existem possibilidades ou opções que mesmo não fazendo nenhum sentido são difíceis de descartar?
- Quais são as relações existentes da situação com outros assuntos ou pessoas e existe semelhança da mesma com algo?
- Quais são os padrões existentes nos fatos?
3- Pensamento
Você usa o Pensamento para fazer uma análise crítica e impessoal da situação, dos fatos e das possibilidades descobertas nos passos anteriores. Pese as consequências de cada ação, utilizando o pensamento. Analise as vantagens e desvantagens de cada alternativa de maneira imparcial e impessoal. Tome uma decisão tentativa sobre o que trará os melhores resultados e responda:
- Quais são os critérios a serem utilizados para aferir uma boa decisão?
- Quais são as vantagens e desvantagens de cada opção?
- Quais são as consequências lógicas de cada opção?
- Essas consequências são razoavelmente aceitáveis?
- Qual é o custo em geral de cada uma dessas opções?
- Colocando-se fora da situação o que você vê objetiva e criticamente?
- Quais serão as consequências se não houver decisão e ação?
4- Sentimento
Você usa o Sentimento para pesar quanto você se importa com os possíveis resultados das diferentes opções, para determinar o que cada escolha representa para você pessoalmente e para sentir as consequências para as pessoas de quaisquer decisões tomadas. Analise as alternativas, observando os impactos causados nas pessoas, utilizando o sentimento. Use de empatia para se colocar na situação dos outros e responda:
- Como cada uma das alternativas se harmoniza com os seus valores pessoais e com o que é verdadeiramente importante para você?
- Como as pessoas envolvidas (partes interessadas) seriam afetadas pelas alternativas existentes?
- Que alternativa teria a maior aceitação e suscitaria o maior comprometimento por parte das pessoas envolvidas?
- O resultado obtido com a implantação da alternativa escolhida irá contribuir para a harmonia e interação positiva do grupo?
5- Decisão
- Tendo sido adequadamente ponderados todos os fatores acima, a decisão considerada como mais razoável para a questão é…
Referências Bibliográficas
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RUTLEDGE, Hile. MBTI® introduction workbook.
MARTIN, Charles. Looking at Type: the fundamentals.
HIRSH, S. KUMMEROW, J. Introduction to type in organizations.
MYERS, I.; MYERS, P. Ser humano é ser diferente.
GANEM, E.; PEREIRA, F. A. Tipologias e Arquétipos.
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HIRSH, S.; KISE, J. Introduction to type and coaching.
PEARMAN, Roger. Enhancing leadership effectiveness through type.
PEARMAN, Roger. Introduction to type and emotional intelligence.
LAWRENCE, G.; MARTIN, C. Building people, building programs.
NASH, S.; BOLIN, C. Teamwork from the inside out.
Absolon Macedo – Consultor e professor de pós-graduação de Filosofia do Comportamento Humano e de Liderança e Comportamento Organizacional, com diversas graduações internacionais, de Engenharia, passando por Administração, Psicologia Geral e Analítica das Organizações, Filosofia e Sociologia do Trabalho e da Saúde Mental, chegando à formação em Psicologia do Comportamento Social no CAPT-OKA/EUA, com Treinamento em diversos institutos Junguianos dos EUA; qualificação e certificação para aplicação do MBTI® (Steps 1, 2 e 3) e do PMAI (Estrutura Arquetípica) pelo CAPT/EUA, e do EQ-2.0/EQ – 360 (Inteligência Emocional) pelo MHS/EUA, além de participante ativo dos Programas da Fellipelli Consultoria Organizacional.
Tema principal: MBTI® , Autoconhecimento
Subtemas: A contribuição do MBTI® no entendimento dos modos operativos das pessoas com quem interagimos
Objetivo: Autodesenvolvimento, autoconhecimento, MBTI® , tomada de decisão, liderança, coaching, team building