Existe um sentido mais profundo para isso tudo?
A gente acorda cedo todo dia, põe os filhos na escola, vai para o trabalho, participa de dezenas de reuniões, sai do trabalho, pega os filhos, volta para casa e o dia acabou. Gastamos tempo que poderia ser usado para cuidarmos de nós mesmos, investindo em novas experiências e descobrindo o mundo, em vez de dedicar cerca de oito horas por dia para o trabalho.
É claro que você precisa do dinheiro para sobreviver – garantir o seu próprio sustento, o da sua família, pagar os boletos etc., mas esse texto te convida a refletir sobre algo além das suas necessidades básicas de subsistência.
Fato é que, no passado, o trabalho estava intrinsecamente ligado à sobrevivência. Até o início do século XVIII, pouco antes da Primeira Revolução Industrial, o trabalho estava restrito ao campo. Famílias inteiras trabalhavam na terra e tiravam dela seu sustento com a troca de serviços ou produtos – não havia o que hoje entendemos como salário.
O surgimento das indústrias mudou radicalmente a relação das pessoas com o trabalho. Sabe de toda aquela ligação que o camponês tinha com suas terras e com seu modo de produção? Pois é, esqueça! Com o crescimento das cidades e a formação de grandes centros industriais, o ambiente encontrado pelos novos operários era totalmente impessoal.
Havia horário para tudo: de entrada e saída do trabalho, e de execução de tarefas numa extensa linha de montagem. Além disso, na maioria das vezes, o operário sequer conseguia ver o resultado do produto que ajudara a montar.
O tempo foi passando, o trabalho foi evoluindo… E se 100 anos atrás as funções eram mais operacionais, hoje temos colaboradores pagos para pensar – as nossas motivações para trabalhar mudaram e as empresas perceberam isso, inclusive algumas já repensaram suas estratégias de recursos humanos.
As novas gerações querem algo que esteja de acordo com suas crenças e valores – buscam por propósito no trabalho. O dinheiro é importante, mas construir algo em que acreditemos é tão importante quanto.
O contexto de construção social atrelado ao propósito
Todos temos a oportunidade de trabalhar com propósito e enxergar a contribuição do que fazemos para a sociedade, mesmo em cargos operacionais.
Por exemplo, uma auxiliar de limpeza pode ter como missão proporcionar um ambiente limpo e saudável para as pessoas e também se apropriar do propósito coletivo da empresa onde trabalha.
Para cargos de maior complexidade, o trabalho com base em valores começa na escolha profissional e depois é traduzido na escolha da empresa onde a pessoa irá atuar, em seus amigos de trabalho, etc. O mundo profissional ideal seria ligado à nossa missão no mundo.
Um exemplo muito sólido quando falamos em propósito no trabalho pode ser extraído do filme “Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento”. O filme retrata uma personagem que, sim, precisava pagar as contas e sustentar os filhos, mas que encontra em seu trabalho uma forma de ser relevante e fazer a diferença.
Em um trecho da produção, ela diz qual o significado daquilo que faz: “Isso não é pessoal? É o meu trabalho, meu suor, meu tempo longe dos meus filhos. Se isso não é pessoal, eu não sei o que é”.
E quando trabalhamos sem por quês?
Focamos no objetivo final e não no processo. Pensamos somente na recompensa financeira no final do mês, não temos percepção de valor no papel que desempenhamos. Trabalhar se transforma em um fardo, com suas oito horas sofríveis que o indivíduo deve encarar para conseguir pagar as contas.
Como fazer para encontrar o propósito do seu trabalho?
Em primeiro lugar, é muito importante buscar por autoconhecimento. Entender suas tendências inatas, o que te inspira, como você lida com suas emoções e qual o seu momento atual é fundamental para se conhecer mais e, em um segundo momento, refletir sobre os objetivos de vida e o mais importante, sobre o que te move.
Pode parecer bobagem, mas descobrir o sentido da sua vida te abrirá um leque de comportamentos, mudanças e possibilidades pessoais e profissionais.
Depois pergunte-se como o seu trabalho está alinhado ao seu propósito de vida. Não julgue a si mesmo, pois o seu propósito pode ser qualquer um: ver as pessoas felizes, confortar, criar um ambiente leve, etc.
O importante é entender a sua função no mundo e alinhar as suas atividades com ela.
Entender o que te motiva fará toda a diferença para que você escolha os caminhos que te completem e te façam feliz.