Definição, desenvolvimento e o impacto da resiliência na vida e nas organizações sob o olhar de um major general reformado, hoje coach.
Recentemente, a MHS Talent, representada pela Fellipelli no Brasil, teve a honra de entrevistar Randy Manner, ex-oficial militar sênior, hoje atuando como Coach de Lideranças para Executivos. Ao longo de mais de três décadas, ele ocupou uma série de cargos no Pentágono e também mundo afora. Antes de se aposentar do Exército como Major-General, foi o Vice-Comandante Geral do Terceiro Exército dos Estados Unidos no Kuwait, Vice-Chefe interino do Escritório da Guarda Nacional, Diretor interino e Vice-Diretor da Agência de Defesa e Redução de Ameaças. Atuou como facilitador na retirada das tropas americanas do Iraque, ajudou a neutralizar o poder das armas químicas na Rússia, inspecionou investimentos realizados na pesquisa profilática e biológica sobre patógenos mortais – incluindo o Ebola –, e ajudou a coordenar o trabalho de apoio de emergência militar em países vitimados por desastres naturais.
A vida e a carreira de Randy foram e têm sido plenamente marcadas pela resiliência. Ele atua como coach para executivos na transição destes para níveis mais sêniores, oferece mentoria para líderes empresariais ao melhorar a qualidade das proposições de valor que estes fazem a seus clientes, e oferece coaching para oficiais militares de alta patente sobre liderança, ética, e no momento de transição deles, em que deixam de servir à nossa nação.
As seguintes perguntas foram feitas a Randy:
Que definição você daria à resiliência?
Resiliência é a capacidade de um indivíduo, ou de uma equipe, de dar a volta por cima, ou de manter o mesmo nível de performance no momento em que se deparam com desafios e situações complicadas. Não precisa estar relacionada a um evento específico. Também pode ser definida como a capacidade de resistir, ao longo do tempo, a circunstâncias penosas.
Em que medida a resiliência desempenha papel importante em seu trabalho?
A resiliência é um elemento fundamental e decisivo do serviço militar, que ajuda as organizações a enfrentar os desafios relacionados à constante competição presente no mercado, nos esportes e no meio acadêmico.
Qual é a diferença entre vigor e determinação?
Tanto o vigor quanto a determinação são componentes da resiliência. O vigor consiste na medida pela qual um indivíduo ou uma equipe é capaz de enfrentar desafios extremos, e ainda assim agir de modo calmo, relaxado e sereno, e manter-se empenhado em busca de seus objetivos.
As pessoas com mais vigor em geral têm maior capacidade de se manterem saudáveis em situações de estresse, na comparação com outras, que enfrentarão desafios relacionados ao estresse. Pessoas vigorosas tendem a ser maleáveis e adaptam-se às mudanças nos contextos. Em geral, conseguem parar, avaliar e alterar seus rumos sempre que necessário. A determinação representa a dedicação e o foco necessários para o cumprimento de tarefas. É a capacidade de um indivíduo ou uma equipe de superar obstáculos significativos, ou de atingir seus objetivos.
Você pode nos dar um exemplo de resiliência bem aplicada, e outro, em que não foi aplicada da forma ideal?
Uma organização que tenha desenvolvido em sua cultura interna o conceito de resiliência apresentará um nível mais alto de performance. O conceito de resiliência faz parte da cultura de um ambiente militar. Está incorporado aos treinamentos que a pessoa recebe em sua carreira desde o primeiro dia.
Como resultado de operações militares contínuas e em longo prazo, nos primeiros anos que sucederam o 11 de Setembro, deu-se uma atenção crescente à decisiva importância da resiliência, ajudando a atenuar o impacto que sucessivas mobilizações de tropas tiveram sobre os membros do Exército e suas famílias. A fim de ajudar a reduzir os problemas relacionados ao estresse, como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático, o Exército criou uma campanha de Prontidão e Resiliência, que, em vários casos, incluía as famílias dos membros da corporação.
A coragem e a confiança têm papel importante?
A coragem tem significados variados para cada indivíduo. A pessoa pode ter atitudes corajosas isoladas, ou então ser constantemente corajosa.
Para mim, ter coragem é fazer o que é certo quando ninguém estiver olhando, e superar obstáculos para garantir que a equipe consiga cruzar, em conjunto, a linha de chegada.
A confiança está relacionada à autoimagem. A confiança na equipe é um modo de medir nossa certeza de que vamos nos sair bem. A confiança é o reflexo de uma poderosa crença em três elementos: em si mesmo, na liderança da equipe, e nos colegas.
Em sua opinião, a resiliência pode ser desenvolvida?
Com toda a certeza. E de muitas maneiras, que dependem dos resultados desejados. O objetivo estabelecido pelo Exército, no sentido de aumentar a resiliência, era aumentar a capacidade dos soldados de lidar com o estresse em longo prazo, e de reduzir o tempo de que precisavam para a recuperação de feridas físicas e emocionais, e de desafios enfrentados.
Em empresas, equipes esportivas e outras organizações, o que também se busca é uma alta performance – especialmente sob condições adversas e complicadas.
De que maneiras os líderes podem estimular o vigor nas pessoas ao redor?
O primeiro passo consiste em ampliar a consciência dos indivíduos e das equipes sobre o significado da resiliência. Uma técnica útil é o instrumento de certificação HRG (Hardiness Resilience Gauge) – Avaliação de Vigor e Resiliência –, disponível na versão em Inglês na Fellipelli Consultoria Organizacional, representante exclusiva da MHS no Brasil, para possibilitar uma compreensão dos três componentes da resiliência.
Este instrumento mede três níveis ou atributos do nível de vigor de uma pessoa: Desafio, Controle e Compromisso. O Desafio consiste em arriscar-se e expor-se a uma determinada situação. O Controle representa sua crença em sua capacidade de influenciar os resultados. O Compromisso está relacionado ao seu propósito e a acreditar na verdadeira importância das coisas a que você dedica seu tempo.
O segundo passo seria identificar com clareza que resultados você deseja obter nos negócios, para que a resiliência faça parte de sua cultura.
O terceiro componente consiste em identificar um método de medição capaz de indicar seu progresso rumo aos objetivos pretendidos.
É muito importante entender que não há soluções fáceis para que se possa implementar um programa de resiliência em sua cultura
É possível ter vigor excessivo?
Sim. Se você tem vigor em excesso, mas os membros de sua equipe o têm em um nível, ela poderá ser levada a um ponto de exaustão, ou fracassar, pelo fato de o líder ter alimentado uma expectativa em relação ao desempenho de sua equipe muito maior do que ela poderia apresentar.
Rotatividade de funcionários maior do que a esperada, faltas no trabalho (em razão de licença médica ou outros motivos) e queixas apresentadas pelo RH são alguns indicadores de uma liderança frágil e/ou de baixos níveis de resiliência em uma equipe.
Uma pessoa com autoconsciência limitada de seu impacto sobre as outras, e pontuação muito alta nos três componentes do teste – Desafio, Controle e Compromisso – terá grandes chances de causar um impacto negativo no ambiente de trabalho e na organização..
O vigor será mais bem utilizado como um fator antiestresse quando a pontuação nestes três componentes estiver no nível mediano, e em equilíbrio uns com os outros.
Fonte: https://blog.mhs.com/interviewwithrandymanner
Traduzido e revisado por Fellipelli Consultoria Organizacional.
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