A ciência a favor da desconstrução de preconceitos
Durante toda a terça-feira (04/04), a hashtag #MeuProfessorRacista ganhou destaque nas redes sociais como um meio para o compartilhamento de casos de intolerância e racismo. As vítimas se organizaram para contar histórias de sala de aula, que refletem pensamentos preconceituosos, implícitos e explícitos, de pessoas responsáveis por nossa formação intelectual e humana – os professores.
Mas afinal, qual a ligação entre o racismo, neurociência e o MBTI? O que concluímos é que essas duas vertentes da psicologia cognitiva podem explicar sobre a construção desse tipo de preconceito e o mais importante: como desconstruí-los.
Como os preconceitos surgem?
Segundo estudos do Neuroleadership Institute, representado pela Fellipelli Consultoria no Brasil, os preconceitos (que nós chamamos de vieses) são aprendidos e formados durante a vida, principalmente durante a infância e adolescência, influenciados pelo meio em que vivemos – convívio familiar, amigos, relacionamentos, mídia, etc. Estes aprendizados são armazenados.
O cérebro é um órgão que visa poupar energia e, para isso, cria padrões de percepção/julgamento do mundo. Esses padrões são aprendidos e refletidos no comportamento. Por exemplo, se eu aprendi que ser negro é ruim e eu me deparo com um negro, o sistema do cérebro responsável pela defesa é ativo em milésimos de segundos e reflete dois tipos de comportamentos instintivos: ou o indivíduo fica sem reação e ignora a existência dessa outra pessoa ou ataca.
E onde estão os maiores riscos sobre vieses inconsciente?
Quando somos crianças, tendenciamos a acreditar em tudo que nossos pais falam. No final da adolescência, ampliamos nossa visão sobre o mundo, pois saímos do restrito círculo familiar e trocamos informações com outras pessoas. É nessa etapa que alguns preconceitos caem por terra e são substituídos por novas ideias. Descobrimos que nossos pais não detêm a verdade absoluta e começamos, a partir de informações antigas e novas, a substituir alguns mapas mentais.
Entretanto, segundo os estudos sobre os tipos psicológicos, de Carl Gustav Jung, posteriormente traduzidos na teoria do MBTI, por Katharine Briggs and Isabel Myers, algumas pessoas são naturalmente mais resistentes à mudança e tendem a construir suas crenças e valores por meio de estruturas sólidas e de difícil modificação. Enquanto essas pessoas têm qualidades fantásticas, como organização, lógica e métodos claros, podem se tornar preconceituosas sem sequer perceberem que, na verdade, estão replicando o racismo, mesmo que de forma inconsciente.
Para desconstruir preconceitos, em primeiro lugar a pessoa precisa se conhecer. Entender seus mapas mentais alinhados ao mundo e também entender seu perfil inato, o quanto está resistindo à mudança de forma inconsciente e como pode evoluir seus pensamentos para a construção de uma sociedade mais justa.
Mitigar o preconceito é possível, mas para isso é preciso que o racismo esteja em pauta, porque pessoas com comportamentos racistas só conseguem mudá-los a partir da tomada de consciência – é preciso encarar o próprio racismo para então superá-lo e substituir essas ideias ultrapassadas por novas – por ideias de integração.