Controle dos Impulsos com Inteligência Emocional8 min de leitura

Como evitar comportamentos ou tomadas de decisão precipitadas

“Posso resistir a tudo, menos à tentação.”

– Oscar Wilde, em O Leque de Lady Windermere

pense antes de agir

[member_first_name], o controle dos impulsos é a habilidade de resistir ou refrear um impulso, uma força ou uma tentação ao agir. O controle de impulso evita comportamentos ou tomadas de decisão precipitadas, tornando o nosso comportamento mais calmo e apto a frear atitudes nervosas, agressivas, hostis ou irresponsáveis. Os problemas no controle dos impulsos são manifestados através da baixa tolerância à frustração, impulsividade, problemas no controle de raiva, abuso, perda do autocontrole e por meio de comportamentos imprevisíveis ou explosivos. As pessoas impulsivas são frequentemente descritas como sendo tempestuosas, de cabeça quente e que agem primeiro e perguntam depois.

Aqui teremos situação real durante uma apresentação de Inteligência Emocional em que um executivo, juntamente com outra mulher, abordou os palestrantes dizendo que concordava com quase tudo que havia sido dito, exceto no que dizia respeito ao controle dos impulsos. Ele justificou que o sucesso de sua empresa advinha do seu modo impulsivo de agir. Tinha a capacidade de tomar as decisões de forma muito rápida, sem pensar nas consequências, e não permitia que ninguém ficasse na sua frente. Após ter se afastado, a mulher, identificada como a “segunda no comando”, disse aos palestrantes que estavam certos, pois chegava cedo ao escritório e “disparava” ordens a todos, querendo que os funcionários trabalhassem de modo a atingir a rapidez que ele gostaria, e assim irritando-os logo no início do dia. A mulher, em contrapartida, era mais calma, paciente, reflexiva e possuía uma habilidade interpessoal bem acima a do executivo, o que colaborava muito para que houvesse uma harmonia dentro do escritório.

 

Pense Antes de Agir

O ocorrido nos chama a atenção para o executivo, que credita seu sucesso à sua impulsividade, dificulta um pouco as coisas ao falar sobre confiar e agir em cima de seus instintos. Não se sugere que o controle dos impulsos deva desconsiderar os instintos. Em vez disso, deve-se levar em conta a capacidade de pensar antes de agir – gerenciar de modo frio e sábio uma variedade de estados e desejos emocionais instáveis.

Sabemos que quem não controla seus impulsos é chamado de “cabeça quente”, “explosivo”, “impaciente”, etc. Eles têm uma baixa tolerância à frustração, podem estar muito bem em um momento e péssimos em outro momento. Tendem a tomar decisões de modo insuficiente e gastam dinheiro descontroladamente. Sua vida amorosa é hiperativa, mas os relacionamentos não duram, porque não conseguem sustentá-los. Tendem a agir de acordo com seus interesses, e podem se deixar levar pelo momento. O “instinto” referido pelo executivo é, na verdade, uma série de respostas automáticas aos eventos em geral. Os indivíduos que possuem um controle efetivo dos impulsos, em contrapartida, têm a capacidade de pensar primeiro em vez de responder automaticamente, o que fornece um “espaço mental” para que as alternativas sejam colocadas na balança e que as opções sejam avaliadas, de modo que suas ações e expressões sejam razoáveis. Isso contribui para que as tomadas de decisões sejam sábias e que seus comportamentos sejam adequados. Em suma, sempre que agimos antes de pensar, estamos agindo impulsivamente.

E o que fazer para mudar? Rever os nossos CCCs (Causas, Crenças e Consequências); tradução livre para, ABC (Activating events, Beliefs and Consequences). Todos nós estamos propensos a agir impulsivamente quantos estamos com os sentimentos à flor da pele. Sempre extravasamos, quando somos criticados injustamente, ou tentamos conquistar algo a qualquer custo, uma oportunidade boa demais para deixar passar e, como resultado, respondemos a esses “estímulos” de modo impertinente, rude.

 nossas emocoes

A Válvula dos Impulsos

Para ilustrar, em um aeroporto, Sam “perde as estribeiras” e permanece no solo, enquanto seu companheiro de viagens, John, consegue chegar a seu destino, graças à ajuda de uma atendente. Sam e todos aqueles que possuem problemas graves com o controle de impulsos também possuem uma “válvula de segurança” emocional defeituosa chamada de “Válvula dos Impulsos”. De acordo com a técnica CCC, é assim que ela funciona: devemos nos lembrar que as Consequências de uma Causa e a intervenção das nossas Crenças envolvem tanto nossos sentimentos quanto nossos comportamentos, ou seja, nossas emoções dão origem a um curso de ação. Aí é que entra a Válvula dos Impulsos.

Imagine uma pequena válvula que abre e fecha de acordo com os sentimentos e comportamentos. Se estiver funcionando corretamente, os sentimentos ficam “em espera” de um lado, por algum tempo. Temos ciência das emoções, mas não fazemos nada em relação a elas por ora. Sentimentos como frustração, hostilidade, entre outros, são colocados de lado, até esfriarem.

Mas se a válvula estiver defeituosa, o que acontece? Todos esses sentimentos atravessam a válvula como se fossem pessoas esperando uma loja se abrir para aproveitar uma grande liquidação. Com isso, não há tempo para avaliar o provável resultado dessa atitude. Podemos pensar que tivemos um ganho em curto prazo, quando na verdade obtivemos uma dor em longo prazo.

Há como fazer a manutenção dessa válvula? Sim, se trabalharmos a nossa técnica CCC sempre que possível. Sempre cometemos um erro grave quando vamos da Causa para a Consequência, sem avaliar as nossas Crenças. E isso pode ser feito com um sentimento por vez, já que as emoções não são fixas, elas vêm e vão. E, claro, podemos usá-las a nosso favor, pois elas só aparentam ser poderosas e permanentes se não soubermos como operá-las. Um exemplo de como essas emoções intensas podem desaparecer em instantes: imagine uma situação em que você está em um elevador completamente lotado e alguém te cutuca por trás – não uma, mas duas vezes. Aquilo começa a te irritar profundamente, e você se prepara para encarar o “agressor”. Até observar que o “agressor”, na verdade, era um cego usando sua bengala. Quais sentimentos afloram agora, além da vergonha e do embaraço? Ou seja, as emoções podem desaparecer ou dar lugar a outras emoções mais brandas, seja por conta das circunstâncias, seja por conta do seu esforço em reprimi-las adequadamente.

 

O Teste do Marshmallow

É interessante aqui falar sobre o então chamado Teste do Marshmallow, realizado na década de 60 pelo psicólogo Walter Mischel, na Universidade de Stanford. O experimento envolveu crianças de 4 anos de idade. Cada uma delas ficou em uma sala que continha uma mesa, uma cadeira e um único marshmallow. A pessoa que conduzia o teste informou às crianças que eles teriam de realizar uma tarefa e, então, fariam uma oferta que a criança poderia aceitar ou não. Elas foram informadas que se quisessem comer o marshmallow, não haveria problema algum. Mas caso esperassem até um determinando tempo, a recompensa seria outro marshmallow. As crianças fizeram suas escolhas e Michel coletou os resultados, que indicaram que 2/3 das crianças resolveram esperar, enquanto o resto não esperou. Mas este não foi o fim do experimento, pois estas crianças eram filhos de professores, graduandos e outros funcionários da Universidade. Michel, 14 anos depois, conseguiu localizar as famílias e perguntou aos pais das crianças, como elas estavam indo na escola. Ele descobriu que aqueles que optaram por comer o marshmallow estavam passando por alguns problemas (dificuldades de socialização, propensos à teimosia e indecisão). Aqueles que souberam esperar demonstraram maior habilidade em se socializar, e suas notas eram muito boas. De forma geral, aqueles que não souberam controlar seus impulsos vivenciavam alguns problemas, enquanto os que souberam esperar tiveram ótimas notas no vestibular. Outro estudo mais recente acompanhou 1.000 crianças neozelandesas, desde a infância até os 32 anos de idade. O resultado comprovou que aquelas crianças que não tinham um autocontrole bem definido estavam mais propensas a terem doenças coronárias, além de problemas financeiros, serem pais muito jovens e até mesmo entrar para a vida do crime.

Uma frase que resume a essência desses estudos foi dita por Terrie Moffitt, psicóloga da Universidade de Duke, que diz:

“O autocontrole é uma habilidade vital para explorar o horizonte, a fim de se preparar para o que pode acontecer, visualizar as futuras possibilidades, planejar com antecedência aonde se quer ir; controlar temperamento quando a vida traz frustrações… Todos nós temos autocontrole, mas algumas pessoas são mais controladas que outras.”

 

DOWNLOAD DA ATIVIDADE

Referência:

Tradução livre do capítulo 14, Controle dos Impulsos, do livro The EQ Edge: Emotional Intelligence and Your Success, Steven J. Stein, Howard E. Book


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