A Introdução do Neurocoaching no Brasil5 min de leitura

Entrevista com Adriana Fellipelli

Considerada um dos expoentes em desenvolvimento humano e única detentora dos direitos de uso do MBTI no Brasil, Adriana Fellipelli inovou ao trazer para o país uma nova metodologia de coaching com foco no entendimento do cérebro a partir da neurociência – o neurocoaching. Nós conversamos com Adriana Fellipelli e o resultado desse bate-papo você encontra logo abaixo.

 

O que te motivou a trazer a metodologia Results Coaching Systems® para o Brasil?

Eu sempre fui uma pessoa curiosa e estou sempre em busca do que a ciência nos traz para o desenvolvimento de líderes e pessoas. Quando conheci o David Rock, no ano de 1995, em uma palestra na Noruega, me interessei pela abordagem, pois de fato essa metodologia é estruturada, desafia e proporciona uma transformação organizacional acelerada. A metodologia tem se provado inovadora, até porque as contínuas pesquisas e estudos só provam que sem conhecer o cérebro é difícil promover o desenvolvimento. Antes tínhamos hipóteses, hoje temos fatos.

 

Quais são os princípios da neurociência que são aplicáveis ao coaching?

Em comportamento, ao evitar o cérebro de defesa, você já está fazendo desenvolvimento. No coaching, eu promovo transformações de vida para aumentar a performance. Quando entendemos o a atuação do cérebro, conseguimos distender o mecanismo de mudança de hábito para que o coachee atinja os objetivos. Facilita-se o processo de transformação.

 

Quais as diferenças entre o coaching convencional e o Neurocoaching?

Primeiro devemos entender que ninguém transforma ninguém. A neurociência mostra que o indivíduo muda o pensamento através dos insights, que geram energia suficiente para que a transformação ocorra. É um processo que estimula mais e melhor o trabalho de desenvolvimento. Devem existir metodologias maravilhosas também, mas o que eu tenho visto é que algumas das pessoas que nos procuram tem dificuldade em transformar teoria em prática. O processo do Neuroleadership Institute é simples, didático e tem uma frequência de atividades que estimulam a memorização e tornam aquilo um novo hábito.

 

Algumas escolas de coaching focam no “fazer”. Qual a sua opinião sobre processos de coaching que pensam somente no atingimento de objetivos, sem a transformação do indivíduo?

Como eu consigo mudar um comportamento sem tomada de consciência? Eu não sei se isso é possível. É preciso ter um outro olhar pra determinadas coisas para ter uma entrega diferente, se não é inconsistente. O comportamento pode até ser alterado em curto prazo, mas não persiste, justamente porque não houve ressignificação e substituição de mapas mentais. É preciso provocar o coachee a passar para um outro nível de consciência.

As pessoas em nossa sociedade atual, que o Zygmunt Bauman fala da sociedade das relações líquidas, sempre esperam algo mais superficial, rápido e mágico, o que eu não acredito. Existem níveis de insigths que são profundamente transformadores, mas para chegar nesse nível é necessário um processo. Toda mudança de hábito envolve mudança de pensamentos, de comportamentos que repetidos se tornam hábitos.

 

Em sua opinião, processos de coaching podem levar à desligamentos de colaboradores?

Sim, é um risco saudável durante todo processo de autoconhecimento. Na hora que aceitamos a impermanência das coisas e que a transformação pode levar a um lugar diferente de onde se está, fica mais fácil. Quando isso acontece, normalmente trata-se de uma vontade suprimida. Se o colaborador ficar, o engajamento será maior, se descobrir que ali não é o melhor lugar para ele, que vá buscar onde é. A pessoa não estava feliz, o processo de coaching só acelerou e tornou menos doloroso o inevitável.

 

Por que relutamos tanto em sair de zona de conforto? Como o cérebro reage ao processo de mudança?

O cérebro, para salvar energia, automatiza os processos. Algumas situações caem no automático, dessa forma o CPF (córtex pré-frontal) pode trabalhar em outras coisas. No processo de mudança o cérebro resiste, pois já existe um mapa mental sobre aquilo e ele terá que sair da zona de conforto para assimilar outro. Tem gente que tem mente fixa e trabalha somente com conceitos já formados. Por isso é tão importante processos de coaching.

 

O que são insights do ponto de vista da metodologia Results Coaching Systems?

São os “Aha moments”. É quando você descobre algo diferente daquilo que você já sabe. Uma forma de ver uma mesma coisa por outra perspectiva.

 

O principal livro de David Rock é intitulado “Liderança Tranquila: não diga aos outros o que fazer, ensine-os a pensar”. Qual você acha que é o papel do RH no processo de desenvolvimento desse novo líder.

O RH pode mostrar caminhos e pode fazer com que os colaboradores reflitam. Eu não consigo levar alguém para um nível que eu nunca estive. Se eu não pensei no meu ego, como eu ensinarei você a pensar sobre o seu? O RH pode ser um facilitador do processo de reflexão dos clientes internos, sem ameaçar a autonomia das pessoas.

 

Como o neurocoaching pode ajudar o RH na produtividade

Quando eu tiro as pessoas do automático e as levo a pensar diferente, eu aumento minha produtividade, pois produtividade também é repensar maneiras de otimizar resultados. Por isso, na crise muitas coisas são criadas, porque somos obrigados a pensar formas diferentes. Por exemplo, você sabia que o celular nasceu de uma necessidade de comunicação na guerra?